um neodesmalthusianismo
Uma das mais nebulosas e até nefastas consequências da
austeridade desbragada é deixar os jovens com a sua lubricidade exposta aos
malefícios do tempo livre. Com uma química ainda sem enquadramento religioso o
jovem recém-licencioso encontra-se numa encruzilhada de tentações que ora são
assumidas como um lastro inesperado das novas oportunidades, ora consumidas precipitadamente
como ilusórios projectos de inovadora investigação. Deixar desamparado um jovem
licencioso com excesso de argumentos é como pôr uma piton num gaiolinha de
hamsters de lacinho e dar azo a que desperdicem as energias na utilização
ineficaz dos instrumentos realmente úteis que têm mais à mão. Sem vislumbrar um
aproveitamento para a sua licenciosidade que corresponda às expectativas
criadas, o jovem licencioso acabará por tornear a clássica e profilática
inibição do libido por concupiscências de substituição. Empregar dinamicamente os
jovens licenciosos é pois um imperativo nacional sob pena de que se esgotem ou miscigenem
em paragens onde serão forçosamente vítimas do dumping sexual. Para tal
desígnio é essencial criar uma bolsa de fecundidade que lhes permita orientar e
fixar as suas competências para um projecto de renovação genética radical,
reconstruindo-se numa concupiscência de desenvolvimento. Tornar o jovem
licencioso em jovem procriador é o movimento que a nossa demografia exige e que
porá a nossa segurança social daqui a vinte anos a vomitar excedentes que nem um
esófago esfregado de aladino. A prosperidade está na copularidade e há que
dinamitar os malvados países da moeda forte com os bastões da impotência e da
frigidez.
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