Res, rei, é assim que se apresenta, em declinação sintética: a coisa - na língua morta mais viva do universo. Apesar de hoje a coisa já estar extrema - e justamente, diga-se - valorizada, e a história mostrar-nos que tudo pode acontecer, inclusivamente coisas que nunca aconteceram, ou outras que nem podiam ter acontecido, não é excessivo lembrar que a coisa pode estar presa por fios, ou seja, pode estar para haver barraca na, e com a, coisa. A coisa, a nossa coeva res, presta-se a isso, evidentemente, põe-se a jeito, não sei se me estão a perceber, dá o flanco, a res desde que é coisa nunca soube ser discreta, e agora é isto: a res pode ser apanhada nas malhas da coisa; a res fez a cama em que se irá deitar. O nosso maior dilema será como lidar com o escândalo que vai estalar nesta res feita coisa. Olhar para ele como aquela coisa dos novos bárbaros, equipará-la antes a uma segunda vinda coisificada do Cristo, pensar nas pragas do egipto, pensar se virá dos herdeiros da grande marcha, ou dos herdeiros de bismarck, enfim há muitas formas de abordar, causalidar, prever ou simular o escândalo que pode despontar na res, tanto mais que «tranquilo é o fundo do mar que trago dentro de mim; quem adivinharia que oculta monstros divertidos?» como diria aquele outro maluco alemão dos bigodes farfalhudos. Uma coisa parece certa, a coisa não se mostrou digna da res e agora se alguém com lábia e jeito der com a língua nos dentes ao Altíssimo - que pode perfeitamente ainda estar anestesiado com aquela outra famosa coisa da liberdade como condição - haverá bronca pela certa e um ou outro anjo vai ter de pôr as asinhas de molho à conta da escandaleira que rebentará cá no res do chão. Há até quem diga que a coisa está preta, e ainda a podem levar daqui para fora; para branquear.
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