made in woven #3

Era o seu último dia no tear. Destinara o derradeiro padrão já uns anos antes, e fora guardando os fios coloridos dos restos das colecções, alguns já bem esbatidos pela curtição do tempo; mas fizera-o com pouca convicção, mesmo que sem medo das nostalgias a vir, e apenas sabendo que um dia os usaria para tentar enganar o desespero com uma falsa bomba de saudade, e com uma mais falsa ainda bainha de compreensão. Quem depois de mim urdir, bom urdidor de mim fará, consolou-se sem razão de consolo.

4 comentários:

mm disse...

Solicita-me a Drª Girassol que lhe comunique a nervoseira que lhe causam estas suas metáforas líricas.

(Aqui entre nós, lembram-lhe a juventude, sabe?)

PS. A palavra de verificação é 'conistr', fogo...

aj disse...

mas não deixa de ser estranho que «lembrar a juventude» «comunique nervoseira»...

mm disse...

Não há qualquer mistério insolúvel! É que a juventude dela foi há tanto tempo que ela receia ser um ataque daquele 'alemão' aborrecido.

[A palavra é spros...]

aj disse...

o alemão é um idioma muito rico em vocabulário para os nervos, sim :)