E entretanto

num corte inglês perto de nós há uma semana de moda íntima. Nos tempos em que a intimidade foi posta de lado, dado que o importante agora é a coisa publica, felizmente a cadeia dos nuestros hermanos vem relembrar-nos que há um íntimo dentro de nós que deve ser acarinhado e inclusivamente tornado mais público, como que demonstrando que o público e o íntimo estão afinal de mãos dadas nesta espuma austera dos dias. Ora o íntimo austero pode e deve ser um exemplo para o público austero. Para quê um folho onde pode estar uma renda, mas quê uma gola onde pode estar um fio, para quê um quadrado onde um triângulo parece ser bastante. Para quê um lombo se podemos ter uma cintura. Ao sabermos decorar a nossa ( leia-se: delas ) intimidade daremos um sinal para a coisa pública, e esta poderá aparecer aos olhos de todos coberta por uma capa sedosa e brilhante mesmo que tentando disfarçar a carcaça decadente e chocalhante em que se transformou. Por último, as técnicas da moda íntima são igualmente uma lição para os poderes públicos: escondem sem esconder e mostram sem mostrar. Mas é ao povo confiscado que poderão dar uma lição ainda melhor: aprender a fodê-los só com o olhar. The last frontier of the citizenship.

2 comentários:

mm disse...

Solicita-me a Drª Girassol que o informe considerar mais este momento como um dos patamares de excelência da sua, do AJ, propriedade de linguagem aliada à pontaria na alfinetada conceptual. Errito ortográfico excluído.

aj disse...

Há patamar e patamar há subir e baixar