(uma espécie de Dark side of the wool especial)
O principal problema dos rebanhos não é o lobo, nem a ovelha negra, nem sequer o pastor negligente. Tal como o totalitarismo não é um problema da história, mas sim da antropologia, tal como a corrupção não é um problema da política mas sim da natureza e tal como a gula não é um problema do estômago mas sim da alma, o problema dos rebanhos começa quando algo se passa em torno do elemento que faz de cabra. A cabra tem péssima fama - julgo até que o próprio cabrão consegue atrair algum carinho - mas faz gala e uso disso. Geralmente uma cabra adquire prerrogativas especiais dentro do rebanho e gosta de se assumir como um joker do pasto, escolhendo os lobos a dedo e muitas vezes até querendo condicionar a hora da sesta do pastor ou o destino da tosquia. Mas há sempre uma altura em que a cabra se estica e as forças vivas do rebanho revoltam-se e convencem-se de que uma cabra, mesmo especial, não acrescenta nem apascenta nada de bom ao rebanho. Nessa altura, quando julgaríamos que o rebanho se iria organizar para sobreviver sem cabra, o que acaba por acontecer é que outros (desde o cão pastor à menina da ordenha) lhe querem ocupar o lugar. Mas quem quer ser cabra também tem que lhe vestir a pele. A natureza acabará sempre por ser impiedosa com os sonsos.
2 comentários:
Quantas 'cabras' se estarão a rever neste post achanfanado? :)
L. (your always waiting waitress)
em princípio, uma cabra por cada rebanho :)
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