La revuelta de los cacahuetes


Há forte reboliço nos lobis do Paraíso. O Altíssimo, confrontado com a necessidade urgente de intervir numa Criação que apaneleira em rédea solta, fez saber que iria escolher uma dentre as várias corporações de efeitos especiais do seu séquito para dar uma lição a esta pandilha da igreja militante.
Sabendo da iminência de ter de entrar em acção, os vários lobis reuniram-se tentando cada um fazer valer os seus direitos, adquiridos ao longo de gerações e gerações de cataclismos, pragas & infecções urinárias.
A reunião deu-se numa tasca ilegal e apócrifa gerida por uma cunhada do são Gregorio Magno que tinha sido cervejeira em Antuérpia. (daí aquela expressão de chamar o gregório quando...adiante)

Quem tomou a dianteira na palavra foi a dona Maremota Diluvina que se achava com prorrogativas especiais pelos favores já prestados no passado, mas que tinha ficado ligeiramente amuada desde que o Moisés, um bocado à cowboy, convenhamos, separara as águas à sua revelia.

Dona Maremota Diluvina - Julgo que todos perceberão que nada se poderá fazer em condições sem a minha equipa de técnicos. Mesmo que tenhamos feito um piqueno downsizing no departamento de glaciações continuamos a ser os únicos que mantêm um estrutura sólida, com tradição de serviços completos, e que inclusive já fizemos um ou outro biscate para outros credos e religiões...

Obviamente que a lobi do fogo ficou logo em brasa com este paleio e quase nem deixou a moça acabar de falar...

Dona Churrasca Dragonilde - Presunção e enxurrada benta, é o que tu tens. Desde os grandes incêndios da história que não há uma desgraça em condições; essas brincadeiras com a aguinha só fazem o povo tornar-se mais beato ainda. Todos sabemos que apenas um trovão e uma tocha pelo cu acima é que arrebita as almas, carago!

Era inevitável a reedição desta rivalidade ancestral, o pessoal dos lobis da água e do fogo sempre fora muito cioso da sua importância histórica, digladiavam-se entre si quase epicamente, mas com isso iam perdendo a perspectiva e não ponderaram correctamente a entrada no Mercado dos Sinais Apocalípticos de novos poderes e tecnologias, aparentemente já esquecidos, ou enciumados, de toda a raça de bicharada que tinha dado serventia nas mais célebres pragas da história.

Mas esta rapaziada, agora mais sofisticada, estava ansiosa por voltar a ter uma palavrinha a dizer, por entrar em acção com novos softwares, e olhavam para o pessoal dos mares & fogos como quem vê dois velhotes a resmungarem no meio duma bicha da caixa.

A mais impulsiva era a Dona Salmonella Estafilococa, uma sensual representante do fascinante mundo das diarreias e que tinha inclusive apresentado recentemente ao Criador um projecto inovador de cagaço generalizado à base de borrar meio mundo com uma bactéria disfarçada de salsa na morcela de arroz.

Dona Salmonella Estafilococa - Meus amores, vocês já eram, agora toda a vossa força é transformada naquela coisinha mariquinhas da energia renovável, vocês agora já nem dão trabalho à sta Barbara, coitada, que para se aguentar até já tem de ir fazer uns ganchos para fora, noutro dia vi-a a ajudar uns miúdos que tinham medo dos desenhos animados. Chegou o momento de ver o mundo a encarquilhar o pirilau a sério, meninas! Isto já lá não vai com rábulas para hercules e perseus andarem a medir o comprimento da lança. O Altíssimo agora quer serviços menos espalhafatosos mas que entranhem mais fundo, não sei se estão a perceber...

Depois desta entrada de rompante do lóbi-da-cólica as outras corporações com menos pergaminhos sentiram um reforço extra de confiança e chegaram-se à frente... A mais entusiástica foi a dona Maddoffa del Spread, uma ex-banqueira que chegara à santidade através de um esquema de ponzi com pagelas de nossa senhora de Guadalupe.

Dona Maddoffa del Spread - Filha, depois da barraca que foi a gripe das aves , dos porcos e dos agáénes, vocês perderam toda a credibilidade... O Altíssimo só vos confiará uma missão destas se andar a beber da mesma ginja que o dragão. Chegou a nossa hora: aquela raça de primatas não vai lá com terramotos nem com enxurradas nem com caganeiras, pá! Temos de lhes ir ao bolso. Transformar-lhes o graveto em palha. Temos de lhes acenar com os filinstones, a tanguinha e a pedra lascada, e pô-los outra vez a correr atrás dum coelho se quiserem lembrar-se de como era bom chupar uma coxinha!

Estava montada a confusão, a velha guarda contra a nova guarda, os subtis contra os brutos, o sintético contra o prolixo, o ruminante contra a mosca da fruta, o yin contra o yang, o eros contra o tanatos, a borla contra a franja, indescritível. E Deus parecia estar a leste de toda esta cegada. Mas não estava. Havia um infiltrado. O Altíssimo há muito que sabia destas tensões no seio dos lobis dos efeitos apocaliticos e tinha criado antecipadamente uma equipa especialmente treinada para inovar no competitivo mundo dos Poderes Alternativos. E foi assim que, como que saída do nada, a dona Pistacha La Fève, vestida de abelhinha e com uma boina em formato de casca de tremoço, pediu a palavra.

Dona Pistacha la Fève - Como sabemos o homem é extremamente propenso à habituação, ao vício, à dependência. Mas geralmente estas estão associadas a consumos rapidamente percepcionados como danosos quer fisiologicamente quer socialmente (o álcool, a droga, o jogo, o sporting, o tabaco, etc) o que já colocaria o humano de pé atrás. Assim temos de entrar de mansinho pelo lado dos vicios brandos...deixá-los dependentes do amendoim, do caju e da pevide... e depois, como não quer a coisa, zuca, de repente tirávamos o brinquedo do dentinho dos meninos! Chegou o momento dos aperitivos salgados também terem um papel a desempenhar nesta porra toda. Queremos entrar para a história a par dos Terramotos, dos Dilúvios, dos gafanhotos e dos meteoritos, queremos uma Nemésis só para nós. Há um poder escondido no salgadinho! O mundo há-te ter um amendoim encravado na garganta e assim, sim, ver o que é o poder do Altíssimo! A natureza orgulhosa terá de respeitar-nos, Deus soube reconhecer o nosso valor, vocês minhas grandes maremotas, meus grandes aluviões, vinde e reclinai-vos perante a minha oleaginosa graça e influência.

(fosgasse que isto hoje foi só ganga...)

2 comentários:

zazie disse...

ahahahahha

Este cristianismo gourmet está no ponto.

":O)))))))

zazie disse...

«O mundo há-te ter um amendoim encravado na garganta e assim, sim, ver o que é o poder do Altíssimo!»

ashahahahahahhahaha

Que coisa mais louca. Continuem a caprichar nas vossas diatribes que é de se morrer a rir.