Estava uma tarde solarenga no jardim botânico e a borboleta Alzira brincava aos polícias e ladrões com o aranhiço Vicente, numa harmonia nunca vista para aqueles lados. Junto às palmeiras mexicanas corria uma brisa que transportava Vitalino para os mares do sul enquanto escrevia um discurso sobre a emancipação das tílias, - que Sócrates haveria de dar ao mundo no dia internacional das reservas ecológicas - onde Portugal era descrito como o novo al-mansur, uma Bagdad das mil e uma crises, e onde as únicas escolhas seriam as campas com gladíolos ou as campas com hortênsias.
A certa altura um remoinho de vento exige-lhe a atenção e é recompensado com uma visão de branco galáctico, que cedo percebeu não ser a careca de Jaime Gama. «Salve Canas, que a Vitalinidade nunca te abandone». Vitalino não se desmanchou e tentando mostrar uma determinação ao nível do chefe, disse «Gabriel, vejo que és um anjo positivo e que estais connosco!». Gabriel, que é anjo mas não é parvo, teve alguma condescendência e disse-lhe «Meu Vicalinas, vinha dizer-te que o melhor é o teu PS recolher ao deserto, alimentar-se dos restos dos gafanhotos que o João Baptista deixou, e voltar ao oásis só quando o povo ficar outra vez baralhado». Vitalino encheu-se de brios e não se acanhou: «E até lá, Gabriel, como fazemos? O que vai fazer aquele Grande José que até foi considerado dos mais sexy’s do mundo? Como poderá um país piqueno como o nosso dar-se ao luxo de desperdiçar um homem tão…tão ». Gabriel viu então que tinha de accionar os mecanismos mais pirotécnicos e fez aparecer nas nuvens uma sondagem. «Credo...» disse Vicalinas prostrado, «mas isso são só sondagens…e os anjos por vezes também se podem enganar…ainda há pouco no largo do rato eu mostrei uma ao chefe que tinha feito no meu prédio e que nos dava 73%... ». Gabriel, estupefacto perante a falta de fé de Vitalino, projectou em cima duma canforeira de 20 metros uma imagem de Manuel Alegre, João Cravinho e João Soares a rirem-se e a fazerem bolinhas de sabão. Vitalino, já quase sem forças e esmagado pela visão, e com aquela cara de quem acaba de ser beijado na boca pelo Bruce Willis, entregou-se: «diz-me Gabriel, o que devemos então fazer?» Gabriel, depois de hesitar face ao estado de evidente impreparação mística de Vitalino, lá avançou «vai, e diz ao teu chefe para aproveitar esta fase que se aproxima a tirar um curso de teologia, inclusive eu tenho conhecimentos na área e posso tornar a coisa quase tão fácil como o de engenharia». Vitalino, com o rabo já colado ao musgo, não conseguia conter a incredulidade, «mas se depois de pormos o socialismo na gaveta tirarmos de lá a religião o Louçã vai chamar-nos copperfields de trazer para casa, e então está mesmo tudo perdido», Gabriel suspirou, sacudiu dois pardais das asas (revelações em jardins botânicos têm destes percalços), exortou por graças especiais e com paciência explicou, «Repara, Vicalinas, o poder ao teu chefe caiu-lhe do céu, trazido por uma pombinha de raça sampaia, - já aí ele devia ter tentado perceber mais desse processo teológico – depois tentou os deuses com o candidato soares, e recebeu um valente rugido dos céus, vai daí virou-se para o estilo ‘grande marcha’, que foi refinando com estilo, mas agora como, com a crise e as europeias, ficou sem tempo nem verbas para acabar a grande muralha, só tem duas saídas: ou treina o estilo messias, ou o estilo ecuménico…» Vitalino já pedia a Deus que o transformasse numa liana e só balbuciava «mas como, Gabriel, como?» e o Anjo terminou então a sua mensagem « se seguir a táctica ecuménica começará por prometer ao Miguel Portas um consulado em Gaza, ao Rosas a encomenda duma história de Portugal em fascículos para o diário da republica, e à Drago uma colecção de calças à boca de sino, e por aí fora, mas se optar pela táctica do messias, começa a dizer ao Santana Lopes que ele não é homem não é nada se não se candidatar outra vez…» e nesta altura um relâmpago rasga o céu fazendo desaparecer Rafael por entre os cedros do Líbano, e deixando o nosso Vitalino com aquele seu ar de elton john depois de ter sido sodomizado pela tina turner, para além do aranhiço Vicente ter aproveitado a ocasião para fazer a folha à borboleta Alzira, mais, de caminho, a sua prima Dulce que tinha vindo ao bebedouro procurar a aguinha com melaço.
A certa altura um remoinho de vento exige-lhe a atenção e é recompensado com uma visão de branco galáctico, que cedo percebeu não ser a careca de Jaime Gama. «Salve Canas, que a Vitalinidade nunca te abandone». Vitalino não se desmanchou e tentando mostrar uma determinação ao nível do chefe, disse «Gabriel, vejo que és um anjo positivo e que estais connosco!». Gabriel, que é anjo mas não é parvo, teve alguma condescendência e disse-lhe «Meu Vicalinas, vinha dizer-te que o melhor é o teu PS recolher ao deserto, alimentar-se dos restos dos gafanhotos que o João Baptista deixou, e voltar ao oásis só quando o povo ficar outra vez baralhado». Vitalino encheu-se de brios e não se acanhou: «E até lá, Gabriel, como fazemos? O que vai fazer aquele Grande José que até foi considerado dos mais sexy’s do mundo? Como poderá um país piqueno como o nosso dar-se ao luxo de desperdiçar um homem tão…tão ». Gabriel viu então que tinha de accionar os mecanismos mais pirotécnicos e fez aparecer nas nuvens uma sondagem. «Credo...» disse Vicalinas prostrado, «mas isso são só sondagens…e os anjos por vezes também se podem enganar…ainda há pouco no largo do rato eu mostrei uma ao chefe que tinha feito no meu prédio e que nos dava 73%... ». Gabriel, estupefacto perante a falta de fé de Vitalino, projectou em cima duma canforeira de 20 metros uma imagem de Manuel Alegre, João Cravinho e João Soares a rirem-se e a fazerem bolinhas de sabão. Vitalino, já quase sem forças e esmagado pela visão, e com aquela cara de quem acaba de ser beijado na boca pelo Bruce Willis, entregou-se: «diz-me Gabriel, o que devemos então fazer?» Gabriel, depois de hesitar face ao estado de evidente impreparação mística de Vitalino, lá avançou «vai, e diz ao teu chefe para aproveitar esta fase que se aproxima a tirar um curso de teologia, inclusive eu tenho conhecimentos na área e posso tornar a coisa quase tão fácil como o de engenharia». Vitalino, com o rabo já colado ao musgo, não conseguia conter a incredulidade, «mas se depois de pormos o socialismo na gaveta tirarmos de lá a religião o Louçã vai chamar-nos copperfields de trazer para casa, e então está mesmo tudo perdido», Gabriel suspirou, sacudiu dois pardais das asas (revelações em jardins botânicos têm destes percalços), exortou por graças especiais e com paciência explicou, «Repara, Vicalinas, o poder ao teu chefe caiu-lhe do céu, trazido por uma pombinha de raça sampaia, - já aí ele devia ter tentado perceber mais desse processo teológico – depois tentou os deuses com o candidato soares, e recebeu um valente rugido dos céus, vai daí virou-se para o estilo ‘grande marcha’, que foi refinando com estilo, mas agora como, com a crise e as europeias, ficou sem tempo nem verbas para acabar a grande muralha, só tem duas saídas: ou treina o estilo messias, ou o estilo ecuménico…» Vitalino já pedia a Deus que o transformasse numa liana e só balbuciava «mas como, Gabriel, como?» e o Anjo terminou então a sua mensagem « se seguir a táctica ecuménica começará por prometer ao Miguel Portas um consulado em Gaza, ao Rosas a encomenda duma história de Portugal em fascículos para o diário da republica, e à Drago uma colecção de calças à boca de sino, e por aí fora, mas se optar pela táctica do messias, começa a dizer ao Santana Lopes que ele não é homem não é nada se não se candidatar outra vez…» e nesta altura um relâmpago rasga o céu fazendo desaparecer Rafael por entre os cedros do Líbano, e deixando o nosso Vitalino com aquele seu ar de elton john depois de ter sido sodomizado pela tina turner, para além do aranhiço Vicente ter aproveitado a ocasião para fazer a folha à borboleta Alzira, mais, de caminho, a sua prima Dulce que tinha vindo ao bebedouro procurar a aguinha com melaço.
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