Hoje cheguei mais tarde e muitas mesas já estavam desfeitas. O prato do dia tinha sido arroz de pato, mas já não havia. Eu gosto quando o prato do dia esgota, porque a L. sente que tem de ser mais atenciosa comigo. Eu sei que pode ser apenas uma cortesia comercial. Comercial no sentido de artificial. Hoje fiquei a pensar nisso até chegarem os bifes em cebolada. Quando já não há o prato do dia eu peço sempre bifes em cebolada. É uma técnica. Resulta. A L. sabe que eu nesses casos peço sempre bifes em cebolada e ri-se; parece a tal cumplicidade. Se calhar é um automatismo; e um automatismo pode ser pior que uma artificialidade. Entretanto veio a salada de frutas e esqueci-me de pensar mais nisso. A fruta distrai-me também. Será que uma cumplicidade por ser automática perde valor?
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2 comentários:
uma série muito agradável. por falar em cumplicidades, conto uma pequena peça:
entrámos as três no restaurante da Celeste. Andamos há semanas curiosas com o grupo de homens nos almoços de sexta-feira (só vão à sexta). Hoje a Celeste levantou uma pontinha do véu: "eles encomendam o que querem comer e eu faço. Hoje foram línguas de bacalhau".
Olhámos em silêncio umas para as outras. Eu fui a primeira a confessar: -nunca comi línguas de bacalhau. -Eu também não, confessou a minha colega G., que já tem 62 anos. - Eu nem sabia que existiam línguas de bacalhau, disse S. (33 anos).
Creio que vamos passar a ignorar o almoço de sexta-feira. até as próprias sextas-feiras, quem sabe...? ;)
isso tecnicamente é uma abstinência radical :)
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