«eu queria mesmo ganhar isto» é a frase de Ronaldo que mais me fica. A brutalidade duma ambição ainda jovem, ainda sem necessidade de muita camuflagem; absoluta. A maior saudade que tenho dos tempos de juventude é precisamente daqueles momentos em que se via que queria ganhar; apenas ganhar, sem mais merdas, sem as conices (agora chamam-lhes calculismos) da maturidade e da experiência. Era o desejo de vencer ainda no seu estado mais cristalino. A estética beckettiana e existencialista do falhanço é uma decadência. A estética shakespeareana do falhanço é uma fraude. A estética clássica do falhanço é uma mera bizantinice. O melhor falhanço é o que apresenta o pecado original: uma rebelião, uma ilusão, uma condenação, um abandono. A melhor vitória é, obviamente, a da Cruz: uma filha da puta duma certeza de que existe uma vida depois da morte.
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