As anotações de um picheleiro dos afectos
Caderno 2 – Compêndio de teoria politica para mulheres curiosas
Caderno 2 – Compêndio de teoria politica para mulheres curiosas
4º capitulo - Limas murças e bastardas
Uma das paragens obrigatórias neste percurso analítico em torno das miudezas mais íntimas da mulher enquanto animal político é o estudo do papel do humor.
A sociedade ocidental, por razões de sociologia reprodutiva certamente, sedimentou bem a ideia de que o humor utilizado pelo macho-político é sinal de inteligência, perspicácia e alguma irreverência, mas se for utilizado pela mulher pode ser sinal de badalhoquice e ligeireza de raciocínio. Assim, a utilização do humor por parte da fêmea-política deve respeitar algumas regras que impeçam o suicídio da sua imagem e a recambiem para as instituições de beneficência, casamento incluído.
Comecemos pela auto-comiseração lúdica. Este elemento estruturante do humor masculino está completamente vedado à mulher; ou seja, a mulher não se pode colocar em zonas de fronteira, de dúvida, onde a verdade e a mentira estejam muito próximas, pois a leitura será sempre vertiginosamente contra si; é conhecido como o ‘estigma do abismo da vulva’.
A mulher-política deve, portanto, usar um humor inequívoco e deve deixar a subtileza para os 'gabinetes de estudo' (*).
Outra das zonas de risco para a mulher é o sarcasmo. Existe uma linha que a mulher política não deve passar, é a linha que separa a zona de eficácia de ‘grande cabra’ da zona de ruína de ‘grande filha-da-puta’; e esta linha muitas vezes fica completamente a descoberto quando a irrisão é levada ao limite sem compensações, entrando mesmo naquilo a que o povo, e mesmo alguns teóricos, denominam de ‘zona das mal fodidas’(**).
Uma das técnicas que leva muitas mulheres a destruírem uma carreira de manipulação-política que se mostrava promissora é a do humor-enigmático, também conhecida como a ‘insinuação intelectualizada’. A insinuação feminina em geral apela, mesmo que inadvertidamente, aos sentimentos mais básicos do homem-cidadão, aos mecanismos do ‘oquetuqueresseieu’ que costumam ser fatais para a fêmea em pose de Estado, mesmo que esteja a passar revista às forças em parada, ou debruçada sobre um decreto.
Finalmente o trocadilho irónico. A arma da ambiguidade semântica na mulher-política é uma faca de dois gumes, e a mulher só a pode utilizar quando estiver no ‘mummy side’ (***) do seu espectro, alavancando algum efeito poético que possa criar. Como sabemos a mulher discursa com o corpo e a palavra serve-lhe apenas como anabolizante de retórica.
Concluiria dizendo apenas que o húmus feminino é efectivamente parte integrante da sua capacidade de sedução e do seu potencial integrador, no entanto, uma mulher-politica ao fazer rir a sua corte terá sempre de contar com o risco de meretrizar a sua influência.
(*) vide ‘capitulo 2 – joelho fêmea’
(**) leia-se: mulheres nas quais a penetração de registo fornicativo não se efectua de molde a propiciar o gozo espectável pela natureza
(***) vide 'capitulo 3 - chave de grifo'
A sociedade ocidental, por razões de sociologia reprodutiva certamente, sedimentou bem a ideia de que o humor utilizado pelo macho-político é sinal de inteligência, perspicácia e alguma irreverência, mas se for utilizado pela mulher pode ser sinal de badalhoquice e ligeireza de raciocínio. Assim, a utilização do humor por parte da fêmea-política deve respeitar algumas regras que impeçam o suicídio da sua imagem e a recambiem para as instituições de beneficência, casamento incluído.
Comecemos pela auto-comiseração lúdica. Este elemento estruturante do humor masculino está completamente vedado à mulher; ou seja, a mulher não se pode colocar em zonas de fronteira, de dúvida, onde a verdade e a mentira estejam muito próximas, pois a leitura será sempre vertiginosamente contra si; é conhecido como o ‘estigma do abismo da vulva’.
A mulher-política deve, portanto, usar um humor inequívoco e deve deixar a subtileza para os 'gabinetes de estudo' (*).
Outra das zonas de risco para a mulher é o sarcasmo. Existe uma linha que a mulher política não deve passar, é a linha que separa a zona de eficácia de ‘grande cabra’ da zona de ruína de ‘grande filha-da-puta’; e esta linha muitas vezes fica completamente a descoberto quando a irrisão é levada ao limite sem compensações, entrando mesmo naquilo a que o povo, e mesmo alguns teóricos, denominam de ‘zona das mal fodidas’(**).
Uma das técnicas que leva muitas mulheres a destruírem uma carreira de manipulação-política que se mostrava promissora é a do humor-enigmático, também conhecida como a ‘insinuação intelectualizada’. A insinuação feminina em geral apela, mesmo que inadvertidamente, aos sentimentos mais básicos do homem-cidadão, aos mecanismos do ‘oquetuqueresseieu’ que costumam ser fatais para a fêmea em pose de Estado, mesmo que esteja a passar revista às forças em parada, ou debruçada sobre um decreto.
Finalmente o trocadilho irónico. A arma da ambiguidade semântica na mulher-política é uma faca de dois gumes, e a mulher só a pode utilizar quando estiver no ‘mummy side’ (***) do seu espectro, alavancando algum efeito poético que possa criar. Como sabemos a mulher discursa com o corpo e a palavra serve-lhe apenas como anabolizante de retórica.
Concluiria dizendo apenas que o húmus feminino é efectivamente parte integrante da sua capacidade de sedução e do seu potencial integrador, no entanto, uma mulher-politica ao fazer rir a sua corte terá sempre de contar com o risco de meretrizar a sua influência.
(*) vide ‘capitulo 2 – joelho fêmea’
(**) leia-se: mulheres nas quais a penetração de registo fornicativo não se efectua de molde a propiciar o gozo espectável pela natureza
(***) vide 'capitulo 3 - chave de grifo'
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