As anotações de um picheleiro dos afectos
Caderno 2 – Compêndio de teoria politica para mulheres curiosas
Caderno 2 – Compêndio de teoria politica para mulheres curiosas
1º capitulo - Tarraxa
A política é coisa para homens, à semelhança do berlinde e dos pêlos nas orelhas, mas certas mulheres com empenho, afã de colaborar, pouco jeito para o entrelaçamento de fibras naturais e algum cuidado com as articulações podem esporadicamente exercê-la com sucesso e até com algum benefício para a sociedade em geral e os cabeleireiros em particular.
O primeiro aspecto técnico que a mulher-política deve controlar obrigatoriamente é precisamente o penteado.
Aqui, a regra básica nº1 é: nunca armar nem soltar demasiado. A mulher de cabelo muito armado tem tendências despóticas e, já se sabe, mulher muito despotada acaba por se prejudicar. O cabelo com muita soltura também pode indicar problemas de continência, o que, para além de dar sinais duvidosos para as forças armadas, revelará um inconveniente deslumbramento hormonal, perdão, orçamental.
Consensualizados em torno do cabelo apanhado, seja num mais clássico carrapito ou numas mais arrojadas trancinhas, poderemos agora passar para a temática mais vistosa da coloração.
Transmito então a regra básica nº2: a cor do cabelo deve ser indefinida. Ou seja, a mulher-politica deverá evitar qualquer tonalidade muito expressiva, sob pena de ficar catalogada como aquela ‘puta-loira’, ou aquela ‘cabra-morena’, se não mesmo aquela ‘fufa-ruiva’; entre outros. Assim, seja à base do suave madeixamento, ou da utilização maciça de qualquer sucedâneo de robiallac para crinas, o cabelo da mulher deve aparentar aquela cor entre a merda de pombo e o ranho de sifilítico de forma a passar o mais despercebida possível por entre louçãs e vitalinos.
Se o estilo de apanhamento e a cor são os elementos estruturantes para a fixação ética do modelo de penteado-liderança da mulher-política, o corte é já, digamos, a marca do seu particular enfoque ideológico. A mulher revela-se, já de si, um ser muito dado a enfocar, como sabemos, daí que no corte, se por um lado deve evitar o formato de ‘comprido’, visto aumentarem as probabilidades de se entalar no tripé, também deve pôr de parte a hipótese ‘curtinho’, pois a reacção popular seria inevitavelmente «antes isso que um paneleiro (*)», o que deixaria a mulher com aquela desagradável sensação de mal menor, e refém de ideologias de compromisso. Ou seja, a regra básica nº 3 no que concerne ao corte de cabelo é: tamanho chaleira, nem chávena nem jarrão, champô nos feriados e na quaresma sabão.
Por fim a mulher-política deve tratar com cuidado os efeitos especiais. Aliás, a mulher geralmente é atraiçoada pelos efeitos especiais. Maquilhagens Fauvistas, Brincos Mondrianicos e Sapatos Giacometicos são exemplos recorrentes neste cerimonial de homicídio estético em grupo que a mulher pratica, como se fossem todas membros duma seita satânica da parolice, luxo a que a mulher-política não se pode dar, tanto mais que actualmente se valoriza bastante a separação entre religião e estado, a par da utilização de colheres de pau em plástico, claro.
(*) leia-se: homem que desenvolveu no exercício da sua liberdade individual uma opção sexual responsável que passa por equacionar levar no cu de outros homens que desenvolveram no exercício da sua liberdade individual…, adiante.
O primeiro aspecto técnico que a mulher-política deve controlar obrigatoriamente é precisamente o penteado.
Aqui, a regra básica nº1 é: nunca armar nem soltar demasiado. A mulher de cabelo muito armado tem tendências despóticas e, já se sabe, mulher muito despotada acaba por se prejudicar. O cabelo com muita soltura também pode indicar problemas de continência, o que, para além de dar sinais duvidosos para as forças armadas, revelará um inconveniente deslumbramento hormonal, perdão, orçamental.
Consensualizados em torno do cabelo apanhado, seja num mais clássico carrapito ou numas mais arrojadas trancinhas, poderemos agora passar para a temática mais vistosa da coloração.
Transmito então a regra básica nº2: a cor do cabelo deve ser indefinida. Ou seja, a mulher-politica deverá evitar qualquer tonalidade muito expressiva, sob pena de ficar catalogada como aquela ‘puta-loira’, ou aquela ‘cabra-morena’, se não mesmo aquela ‘fufa-ruiva’; entre outros. Assim, seja à base do suave madeixamento, ou da utilização maciça de qualquer sucedâneo de robiallac para crinas, o cabelo da mulher deve aparentar aquela cor entre a merda de pombo e o ranho de sifilítico de forma a passar o mais despercebida possível por entre louçãs e vitalinos.
Se o estilo de apanhamento e a cor são os elementos estruturantes para a fixação ética do modelo de penteado-liderança da mulher-política, o corte é já, digamos, a marca do seu particular enfoque ideológico. A mulher revela-se, já de si, um ser muito dado a enfocar, como sabemos, daí que no corte, se por um lado deve evitar o formato de ‘comprido’, visto aumentarem as probabilidades de se entalar no tripé, também deve pôr de parte a hipótese ‘curtinho’, pois a reacção popular seria inevitavelmente «antes isso que um paneleiro (*)», o que deixaria a mulher com aquela desagradável sensação de mal menor, e refém de ideologias de compromisso. Ou seja, a regra básica nº 3 no que concerne ao corte de cabelo é: tamanho chaleira, nem chávena nem jarrão, champô nos feriados e na quaresma sabão.
Por fim a mulher-política deve tratar com cuidado os efeitos especiais. Aliás, a mulher geralmente é atraiçoada pelos efeitos especiais. Maquilhagens Fauvistas, Brincos Mondrianicos e Sapatos Giacometicos são exemplos recorrentes neste cerimonial de homicídio estético em grupo que a mulher pratica, como se fossem todas membros duma seita satânica da parolice, luxo a que a mulher-política não se pode dar, tanto mais que actualmente se valoriza bastante a separação entre religião e estado, a par da utilização de colheres de pau em plástico, claro.
(*) leia-se: homem que desenvolveu no exercício da sua liberdade individual uma opção sexual responsável que passa por equacionar levar no cu de outros homens que desenvolveram no exercício da sua liberdade individual…, adiante.
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