Pobres mas asseados; e amaciados

Youssoup d’ Hassan era um arménio vendedor de toalhas turcas. A sua fama ia da Anatólia à Transilvânia e vangloriava-se de possuir o melhor lote de turcos felpudos de toda a Eurásia, incluindo a Irlanda que pertence à zona dos betinhos que não se querem drunfar com tratados e preferem Bushmills. Os jogos de atoalhados turcos de Youssoup eram fabricados com um algodão seleccionado e de performances impares, tanto quando tocava a absorver ou a secar, como aquando do amaciamento de pêlo que todo o mamífero valoriza, independentemente de géneros, raças, feitios e demais micoses etnológicas. Ora vendo-se acossado pela força e agressividade comercial das grandes multinacionais dos toalhetes húmidos, d’Hassan criou uma linha de toalhas turcas leves, discretas, mas sedutoras, baseado na ideia - de pendor democrático - de que todos têm direito à sua reserva de turco fofinho, procurando assim que cada europeu se apercebesse da necessidade de trazer sempre consigo uma toalhinha turca, não fosse ele e o seu sovaco judaico-cristão apanhado por um inesperado bloqueio de estrada, ou uma greve de rebocadores, ou um lock out de sex-shops, ou mesmo um surto de despejos precipitados de ameixas Rainhas Cláudia para o aterro, ou de petinga para o mar. ‘Um europeu surpreendido deve estar sempre de turco prevenido’ era o seu lema para amaciar todos os cantos do velho Continente fundado por Jacques Delors e Carlos Pimenta, frisando sempre que «nada de poliésteres», porque aquecem muito quando for caso de se precisar duma sombrinha na berma da estrada, ou mesmo no meio das moitas com aquelas baguinhas que começam brancas e avermelham com o sol e que agora não se me recorda o nome, se bem que podem ser perfeitamente camarinhas.

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