The man in his own bubble #n

Como a reportagem anterior já deixaria antever, hoje debruçar-me-ei sobre o fenómeno da bolha hipnótica.

Trata-se duma ocorrência cíclica em que franjas alargadas da sociedade, como que adormecidas e embaladas, são conduzidas por governantes com caras de armandos varas cruzados a vitalinos canas, que lhes vão fazendo olhinhos - distinguindo-se claramente do outro fenómeno bastante mais conhecido da ‘mão invisível’ porque esta não nos apalpa tanto – sem que as ditas franjas consigam esboçar qualquer tipo de reacção que não seja o famoso ar de basbaque luso, com entrada autónoma já a ser preparada para a tal nova enciclopédia da vida online e turbo.

Esta bolha hipnótica desenvolve-se nos momentos em que a sociedade está mais absorta nas novas tecnologias, apresentando-se por isso a extremidade pós lombar com menor sensibilidade e permitindo assim que sejamos governados como quem nos colonoscopia, mas sem tanto espasmo.

Ao contrário da bolha imobiliária, por exemplo, a hipno bubble tem um ciclo de insuflação lento e, muitas vezes, já balançamos todos lá bem dentro mas ainda julgamos estar numa excursão de balãozinho de ar quente para ver abutres leonardos na serra de Monchique.

Agora normalmente falaria sobre o período de auge da bolha, depois vinha a parte do esvaziamento, já me tinha até lembrado de como encaixar a obrigatória associação artística com a epidural, cheguei até a pensar em incluir uma visita de estudo ao aquário Vasco da gama guiados pelo manuel pinho, mas a grande verdade é que ainda pouco passa das onze e já estou com uma soneira do caraças, devo estar a fazer uma bela cara de tamboril a olhar para uma caldeirada de garoupa, mas só se perdem os posts que caem no chão. Vai-se a ver estou anémico.

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