Como seria previsível não consegui resistir a comprar imediatamente ‘ a sala magenta’ do mário de carvalho, escritor português da minha oficial irritação. Forçarei uma noitada para o ler, sendo certo que passarei ao amanhecer por ser um dos 12 ou 13 parvos que já terá lido o livro, mas, no meu triste caso, por irracional, mas absolutamente sã, casmurrice; espero que este desperdício de energias, e eventualmente graças, ao poder não ser aceite como sacrifício quaresmal – Deus nosso Senhor sabe distinguir o trigo do joio mesmo fora das parábolas – possa pelo menos pesar na balança da providência, e amanhã faça novamente a bola ressaltar na cabeça de Purovic, já de si possuidor duma técnica de torcicolo de fazer inveja a qualquer trivela. O primeiro parágrafo do livro – o mais longe a que cheguei neste momento, momento este em que me avisam está a dançar a clara pinto correia num programa de televisão – é já garante de muito tombo de cabeça pela noite fora, pois nesse único parágrafo de uma dúzia de linhas, e apenas para descrever uma puta duma mata de sobreiros e pinheiros, usa 17 verbos: 'carregar', 'pasmar', 'pender', 'tombar', 'empastar', 'rarear', 'altear', 'delinear', 'adensar', 'vibrar', 'emergir', 'restolhar', 'balancear', 'resolver', 'frisar', 'desinquietar', 'desvairar', e todos aplicados a uns parcos elementos do reino vegetal e mineral e metafísico naquilo que é certamente a 1ª revolução clorofílica da literatura mundial. Não sei se irei chorar, mas isso até era muito bem feito pois, não sendo o primogénito, a minha mãezinha sempre me disse que foi por mim que chorou mais, tornando-me assim o lacrimogénito. Voltarei para contar; ou para não contar.

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