Uma das bolhas por onde o homem pode ter de passar uma temporada ciclicamente é na bolha metafísica. Deve ir bem ataviado, avisa-se, farnel criterioso e roupas largas por causa das azias e dos suores. A bolha metafísica insufla geralmente nos momentos em que há um crescimento galopante da potência do ser e que não é acompanhada pelo acto.
Eu desrodriguinho a coisa: ponhamos um homem que esteja a pensar que não foi feito para aquilo em que o mundo se está a tornar, que ele é bom demais para isto, que a realidade não o acompanha como deve de ser e, no limite, não o merece. Assim algo entre o [renúncia quaresmal] e o [renúncia quaresmal].
A primeira fase da bolha dá-se ainda no seio dum processo de socialização normal; geralmente o mercado incorpora sem problemas de maior os primeiros indícios de arrogância calimérica, mas a insuflação torna-se irreversível quando aparecem os sintomas de desafio à divina providência e às lei da gravidade psíquica; é nesses momentos que começamos a construir em nosso redor um sistema virtual de satélites acolitantes e o mundo passa a ser pouco mais do que um conjunto de luas no nosso Zodíaco particular. A bolha está então consolidada.
Sós, dentro da bolha apenas nós e o ar esgotado, mas honrado de tanto o respirarmos, com a realidade separada pela membrana do psicofodasse, o homem está então no auge da bolha metafísica. Ele é um ser diferente e o mundo não lhe dá o devido valor, pelo que, tocar-lhe, é conspurcar-se; a bolha serve assim, simultaneamente, de redoma e de intestino.
O esvaziamento da bolha metafísica começa a dar-se quando um homem detecta que é tão igualzinho a todos os outros homens que até chateia, quer seja no ser, quer seja na essência. Investir em si próprio como uma substância singular foi um péssimo negócio e agora resta-lhe voltar a tentar existir com um mínimo de condições merdafísicas, ou seja: amar e ser amado, foder e ser fodido, pouco acima de qualquer cão ou gato de estimação.
Registe-se que o esvaziamento da bolha tem um momento intermédio, a que eu chamaria a fase do pedroroloduartismo [semi renúncia quaresmal], e que se dá quando começamos a dizer coisas tão banais tão banais mas, ao lhe darmos uma aparência de solene convivência com o sublime, deixamos ainda o mercado hesitante e refugiado em commodities como o ‘afinal és tão querido’ ou ‘tu ainda vais lá se tivermos paciência’, ou mesmo ‘renhaunhau’. É uma fase de desmame que, tenho de reconhecer, pode levar gerações a passar.
Apenas a título de entretantos, refiro ainda que a estocada final e definitiva no pffffffe da bolha metafísica se dá quando um tipo regressa à condição de lagarto, e constata que não tem um serão desportivo sossegado e esperançoso já vai para largos meses, mas continua a acreditar alegremente que Deus é grande.
Eu desrodriguinho a coisa: ponhamos um homem que esteja a pensar que não foi feito para aquilo em que o mundo se está a tornar, que ele é bom demais para isto, que a realidade não o acompanha como deve de ser e, no limite, não o merece. Assim algo entre o [renúncia quaresmal] e o [renúncia quaresmal].
A primeira fase da bolha dá-se ainda no seio dum processo de socialização normal; geralmente o mercado incorpora sem problemas de maior os primeiros indícios de arrogância calimérica, mas a insuflação torna-se irreversível quando aparecem os sintomas de desafio à divina providência e às lei da gravidade psíquica; é nesses momentos que começamos a construir em nosso redor um sistema virtual de satélites acolitantes e o mundo passa a ser pouco mais do que um conjunto de luas no nosso Zodíaco particular. A bolha está então consolidada.
Sós, dentro da bolha apenas nós e o ar esgotado, mas honrado de tanto o respirarmos, com a realidade separada pela membrana do psicofodasse, o homem está então no auge da bolha metafísica. Ele é um ser diferente e o mundo não lhe dá o devido valor, pelo que, tocar-lhe, é conspurcar-se; a bolha serve assim, simultaneamente, de redoma e de intestino.
O esvaziamento da bolha metafísica começa a dar-se quando um homem detecta que é tão igualzinho a todos os outros homens que até chateia, quer seja no ser, quer seja na essência. Investir em si próprio como uma substância singular foi um péssimo negócio e agora resta-lhe voltar a tentar existir com um mínimo de condições merdafísicas, ou seja: amar e ser amado, foder e ser fodido, pouco acima de qualquer cão ou gato de estimação.
Registe-se que o esvaziamento da bolha tem um momento intermédio, a que eu chamaria a fase do pedroroloduartismo [semi renúncia quaresmal], e que se dá quando começamos a dizer coisas tão banais tão banais mas, ao lhe darmos uma aparência de solene convivência com o sublime, deixamos ainda o mercado hesitante e refugiado em commodities como o ‘afinal és tão querido’ ou ‘tu ainda vais lá se tivermos paciência’, ou mesmo ‘renhaunhau’. É uma fase de desmame que, tenho de reconhecer, pode levar gerações a passar.
Apenas a título de entretantos, refiro ainda que a estocada final e definitiva no pffffffe da bolha metafísica se dá quando um tipo regressa à condição de lagarto, e constata que não tem um serão desportivo sossegado e esperançoso já vai para largos meses, mas continua a acreditar alegremente que Deus é grande.
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