Queridos,

Eu sei que dói muito, mas tenham calma, eu é que sou a nova ministra para as urgências, ambulâncias, tiróides inchadas e menopausas precoces. A minha prioridade será a de que nem mais um milímetro de gaze seja negada um português, nem mais uma virilha seja trilhada a caminho dum benuron distante, nem mais um fórceps numa portagem da brisa. Dói muito, eu sei, mas, vão ver, vai passar. Mas primeiro não se esqueçam de pôr logo gelo, a pomada só deve vir depois, e não gastem muita pomada, não? É que se não depois acaba-se a verba para os electrocardiogramas, para já nem falar das ressonâncias magnéticas. Mas, queridos, evitem-me as ressonâncias magnéticas, por amor de Deus. Aquilo faz-vos mal à pele, e até houve uma cunhada dum senhor director geral das alfândegas que ganhou uma fobia a batedeiras eléctricas. E aviem pouco remédios, está bem? Evitem as gotas porque se desperdiça muito, o pingo é sempre muito traiçoeiro, e se forem supositórios empurrem bem para que não fique nada de fora, pois não se deve desperdiçar nada. Eu sei que vocês são poupados, eu sei, eu sei que nem vão logo ao médico quando começam a cagar um bocadinho de sangue nem nada, e uma tosse, o que é uma tosse, quem tem tosse que tussa, não é? E não me abusem dos fritos, nem do sexo com sifilíticos, e, pelo sim pelo não, não beijem marinheiros loiros, está bem? Eu sabia que podia contar com vocês, pela vossa rica saúde, não me fodam, não?

Sua Jorge

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