No fundo são gajos com apenas um pouco mais de lata
O 'caso' BCP, para além de ter ajudado a formalizar uma nova geração de corporativismos, como os passageiros frequentes de entidades reguladoras, os offshoristas (sub-género de chupistas) e os piedosos de eduardo-dos-santos, veio principalmente trazer uma lufada de ar fresco ao prestígio dos tão mal afamados testas-de-ferro. E isso era uma injustiça, pois tratava-se de gente que não teria onde cair morta, sem direito inclusive a rendimento de inserção, e que não possuindo nenhum órgão para entregar à ciência decidiu disponibilizar a própria testa, em risco de fossilizar por reduzido movimento interior, ao serviço de interesses financeiros mais carentes de liftings e botoxes, talhados para o lado de lá dos biombos e eventualmente apoquentados por um hálito mais traiçoeiro.
Um testa de ferro é, vendo bem as coisas, um bem para a sociedade, pois, por um lado, isenta-a de lidar abertamente com a obscenidade de gajos podres de ricos que pudessem não se apresentar etnologicamente puros, e, por outro lado, permite a plebe concentrar a raiva no clássico: ‘o que é que este gajo tem que eu não tenho, bons padrinhos é o que é’. Ora isolar com esta precisão e discrição os mecanismos de revolta social é garantir que na bicha do pão ninguém arremessa carcaças duras a ninguém, não se capam ministros, e que um mero pato bravo possa ser visto apenas como um tipo mais atrevido que a média, sem que ninguém lhe queira raptar nem a cadela nem a amante. O testa-de-ferrismo é, para além disto, uma actividade bastante exigente, tem o risco do verdete, e não se pense que basta ter jeito para aparecer na capa da ‘Exame’, ou vestir no rosa e teixeira, não, é preciso ter aquele quelque-chose de aparecer sempre dando um ar simultaneamente confortável e misterioso, uma espécie de rendinha em soutien, que nem atrapalha nem ajuda a desembrulhar, mas ao existir parece que faz mesmo falta.
O testa de ferro é, a par do bacalhau à Brás e das noivas de Santo António, um valor que devemos preservar para manter o equilíbrio social de uma sociedade no fio da navalha, entre a sodoma e a gomorra, e já com a primeira parte do pêlo para fora.
O 'caso' BCP, para além de ter ajudado a formalizar uma nova geração de corporativismos, como os passageiros frequentes de entidades reguladoras, os offshoristas (sub-género de chupistas) e os piedosos de eduardo-dos-santos, veio principalmente trazer uma lufada de ar fresco ao prestígio dos tão mal afamados testas-de-ferro. E isso era uma injustiça, pois tratava-se de gente que não teria onde cair morta, sem direito inclusive a rendimento de inserção, e que não possuindo nenhum órgão para entregar à ciência decidiu disponibilizar a própria testa, em risco de fossilizar por reduzido movimento interior, ao serviço de interesses financeiros mais carentes de liftings e botoxes, talhados para o lado de lá dos biombos e eventualmente apoquentados por um hálito mais traiçoeiro.
Um testa de ferro é, vendo bem as coisas, um bem para a sociedade, pois, por um lado, isenta-a de lidar abertamente com a obscenidade de gajos podres de ricos que pudessem não se apresentar etnologicamente puros, e, por outro lado, permite a plebe concentrar a raiva no clássico: ‘o que é que este gajo tem que eu não tenho, bons padrinhos é o que é’. Ora isolar com esta precisão e discrição os mecanismos de revolta social é garantir que na bicha do pão ninguém arremessa carcaças duras a ninguém, não se capam ministros, e que um mero pato bravo possa ser visto apenas como um tipo mais atrevido que a média, sem que ninguém lhe queira raptar nem a cadela nem a amante. O testa-de-ferrismo é, para além disto, uma actividade bastante exigente, tem o risco do verdete, e não se pense que basta ter jeito para aparecer na capa da ‘Exame’, ou vestir no rosa e teixeira, não, é preciso ter aquele quelque-chose de aparecer sempre dando um ar simultaneamente confortável e misterioso, uma espécie de rendinha em soutien, que nem atrapalha nem ajuda a desembrulhar, mas ao existir parece que faz mesmo falta.
O testa de ferro é, a par do bacalhau à Brás e das noivas de Santo António, um valor que devemos preservar para manter o equilíbrio social de uma sociedade no fio da navalha, entre a sodoma e a gomorra, e já com a primeira parte do pêlo para fora.
Sem comentários:
Enviar um comentário