Guilty question
Qualquer crente em Deus que se preze gostaria de receber uma confidência do Criador, de forma a ficarem assim, como quem não quer a coisa, com um segredinho só dos dois. Claro que, de forma simpática e reverente, todos começaríamos por perguntar algo do mais ortodoxamente teológico para criar ambiente, género, porquê um povo eleito no meio do deserto se já havia muito boa gente à beira mar, porquê uma Santíssima Trindade quando já se sabia que um tenderia a ficar marginalizado, porquê um livre arbítrio a voar se podíamos ter uma predestinação na mão, porquê um casal de pombinhos, uma maçã e uma serpente, se podíamos ter descendido duma tribo de belas amazonas especializadas na selecção natural; enfim, teríamos de nos mostrar primeiro interessados com a política editorial do Criador, mas sabendo que o que nos interessava realmente era aquela zona dos classificados mais picantes, o suplemento de fim-de-semana, ou seja, teologicamente falando: o que é que o Criador andou a fazer no sétimo dia.
Julgo que no âmbito desta infinita temática de ‘o que realmente nos intriga’ assumem bastante mais relevo as questões hormonais e bastante menos as questões sociais, ou seja, dilacera-nos mais o desequilíbrio entre a capacidade e a disponibilidade orgásmica, do que propriamente a clivagem entre ricos e pobres, e muito menos o leviatanismo do estado. A exploração resultante da famosa luta de classes não aparece com grande ranking na tabela de sofrimentos, e perde face a desgostos amorosos e impotências várias.
Por isso, se considerarmos que as questões básicas do ’porque Te revelaste a uns de uma maneira e a outros de outras? ‘, ou do ‘porque deixaste cá a Igreja a fazer – às vezes - tanto de mulher a dias como de porteira?’, ou mesmo do ‘porque é que a fátinha felgueiras e o armando vara são tão filhos de Deus como o padre borga ou madre teresa’, são questões aborrecidas, pois, por maioria de razão, o Criador também teve direito aos seus caprichos, e, inclusivamente, todos podemos ter um dia menos bom, ficaremos então concentrados naquilo que realmente importa a um crente ( a religião é o que há de mais pragmático ao alcance da nossa natureza, depois do microondas) : o ‘como poderemos, levando uma vida de caças-bombardeiros a saltar entre porta-aviões, no dia certo, ser uma responsável companhia de last minute booking?’, rematando, dado que o Criador não será de muitas palavras, com um simples ‘porquê assim, fodasse?’. Ele saberá o que nós queremos dizer.
Qualquer crente em Deus que se preze gostaria de receber uma confidência do Criador, de forma a ficarem assim, como quem não quer a coisa, com um segredinho só dos dois. Claro que, de forma simpática e reverente, todos começaríamos por perguntar algo do mais ortodoxamente teológico para criar ambiente, género, porquê um povo eleito no meio do deserto se já havia muito boa gente à beira mar, porquê uma Santíssima Trindade quando já se sabia que um tenderia a ficar marginalizado, porquê um livre arbítrio a voar se podíamos ter uma predestinação na mão, porquê um casal de pombinhos, uma maçã e uma serpente, se podíamos ter descendido duma tribo de belas amazonas especializadas na selecção natural; enfim, teríamos de nos mostrar primeiro interessados com a política editorial do Criador, mas sabendo que o que nos interessava realmente era aquela zona dos classificados mais picantes, o suplemento de fim-de-semana, ou seja, teologicamente falando: o que é que o Criador andou a fazer no sétimo dia.
Julgo que no âmbito desta infinita temática de ‘o que realmente nos intriga’ assumem bastante mais relevo as questões hormonais e bastante menos as questões sociais, ou seja, dilacera-nos mais o desequilíbrio entre a capacidade e a disponibilidade orgásmica, do que propriamente a clivagem entre ricos e pobres, e muito menos o leviatanismo do estado. A exploração resultante da famosa luta de classes não aparece com grande ranking na tabela de sofrimentos, e perde face a desgostos amorosos e impotências várias.
Por isso, se considerarmos que as questões básicas do ’porque Te revelaste a uns de uma maneira e a outros de outras? ‘, ou do ‘porque deixaste cá a Igreja a fazer – às vezes - tanto de mulher a dias como de porteira?’, ou mesmo do ‘porque é que a fátinha felgueiras e o armando vara são tão filhos de Deus como o padre borga ou madre teresa’, são questões aborrecidas, pois, por maioria de razão, o Criador também teve direito aos seus caprichos, e, inclusivamente, todos podemos ter um dia menos bom, ficaremos então concentrados naquilo que realmente importa a um crente ( a religião é o que há de mais pragmático ao alcance da nossa natureza, depois do microondas) : o ‘como poderemos, levando uma vida de caças-bombardeiros a saltar entre porta-aviões, no dia certo, ser uma responsável companhia de last minute booking?’, rematando, dado que o Criador não será de muitas palavras, com um simples ‘porquê assim, fodasse?’. Ele saberá o que nós queremos dizer.
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