Neonicotinacinismo

Fruto do capitalismo opressor e globalizante, do liberalismo intersticial, da decadência da natureza humana em geral e das forças obscuras do mercado em particular, o Estado Ocidental foi perdendo a capacidade de ser o motor das sociedades. Vão cada vez mais longe os neokeynezianismos e os socialdemocracismos, e por isso só lhe vai restando gerir a regulamentação apaneleirada ou o lobbysmo despudorado.

A nova via de recuperação do prestígio e da capacidade impulsionadora perdida do Estado é rigorosamente e apenas o proibicionismo. Proibir de forma estudada, criteriosa e sistemática por forma a que a sociedade, ao se ter de adaptar , vá tendo de se reorganizar, investir, tornar-se eficiente a driblar as proibições, e imaginativa a criar novas necessidades de prevaricação ou potencial desvio. Como o pecado é um dos motores da alma, a proibição deverá ser o motor das sociedades modernas.

Este exemplo actual da proibição de fumar parece-me paradigmático como medida acertada e adaptada aos novos dias que vive o Estado nas sociedades adormecidas. Falamos dum hábito de tendência compulsiva e massiva, com bastantes interesses envolvidos directa e indirectamente, e com bastantes hipóteses de ter de ser compensado com praticas alternativas diversificadas. Ou seja, exigirá não só a imensos agentes colaterais (restaurantes, hotéis, por exemplo) a terem de investir e adaptar-se, criando emprego e inovação por essa via, como abrirá a outros agentes novos (ex: empresas de chupa chupas e de calmantes) mais oportunidades de negócio, novamente com mais emprego directo e indirecto (as empresas de publicidade já estavam a ficar à nora). Proibir permitirá ao Estado incutir investimento estruturante e transversal na economia sem ter de gastar um chavo em despesa pública tirando meia dúzia de diários da republica ( os políticos são custo fixo)

A regulamentaçãozinha já tem feito algum trabalho neste sentido, mas tem sempre aquela carga negativa dum certo burocratismo associado; o proibicionismo não, é uma coisa viril, saída do cerne do conhecimento da natureza humana, justificada pela força dum iluminismo latente cruzado com um reformismo propulsor, e proporciona uma autoridade redobrada ao Estado, que, assim, até acaba alcançando o pleno: zela pela nossa débil condição pós diluviana e existencialista e ainda impulsiona a economia, não a deixando apenas ao sabor dos interesses erráticos e caprichosos do mercado, da concorrência e do lucro, filhos de Satan e Hollywood, as we all know.

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