Conto do gajo que escrevia contos mas contos mesmo dos bons
Ele estava indeciso se tinha sido a frase «foda-se, que escreves bem como o caralho» que o tinha feito nascer para a escrita, ou se tinha sido mesmo aquela aposta com o gajo da bomba de gasolina em como foderia a miúda da papelaria muito antes dele conseguir escrever um conto que fosse, mesmo daqueles em que a palavra cona aparece três vezes antes da palavra conspiscuamente, ou mesmo excentricidade ou promiscuo. Mas aparentemente a vocação da escrita tinha-lhe sido mesmo revelada durante aquilo que posteriormente ele haveria de apelidar como acto de tendências sexuais, mas de consequências sociológicas. A paternidade incógnita conferira-lhe um conhecimento da natureza humana que apenas tinha experimentado de forma superficial aquando da relação passageira com uma enfermeira geriátrica que o chamava de «minha jugular assanhada» e lhe pedia mordidelas em locais que eram desconhecidos até aos mais experientes e dedicados crentes e contorcionistas de religiões orientais praticadas em zonas de rarefacção de oxigénio. Poderá mesmo dizer-se que era um escritor que tinha brotado daquela mistura explosiva de luxúria, convicções, escrúpulos e uma circuncisão praticada de forma efusiva. O seu primeiro enredo veio inspirado obviamente do seu primeiro coito reprimido. Qualquer ficcionista que se preze é filho duma vulva que se lhe fechou sem especais cumprimentos nem remorsos. O sucesso sexual por si só apenas produz estivadores e gestores de empresas, a escrita fluente e teledirigida precisa como do pão para a boca duma foda mal dada, ou duma cona completamente desencontrada, não chega um «para isso tinha ficado em casa», não, um «para isso tinha ficado em casa» apenas produz paneleiros e outros amantes da bricolage. A amizade que estabelecera com gente das ciências experimentais afastara-o felizmente das grandes questões da humanidade, e permitira-lhe o feliz encontro com uma bioquímica que tinha feito fortuna a gamar átomos de carbono às moléculas de glicerol e a traficá-los com uma nutricionista em Ayamonte. Fizeram uma sociedade para trazer confiança sexual a portadores de rabos flácidos, tendo ele obtido experiências de estrangulamento pelas vias posteriores, que acabaram por lhe render dois best sellers e três enxertos de porrada. Era uma vida saciada a conduzir uma escrita periorgásmica, género realismo mágico mas com mais corrimento. Descreveu mentruações que pareciam excursões pelo Nilo, ganhou um prémio em Nova Deli pela melhor desfloração em plena selva tropical, e a Ski news entrevistava-o de cada vez que metaforizava com a boca do inferno ou as paisagens da Anatólia. Chegou a descrever sentimentos no dia em que lhe morreu um cão, mas rapidamente lhe começaram a aparecer triângulos invertidos nas entrelinhas. Foi avô aos quarenta sem ter conhecido o discreto sabor da mão ginecológica, mas só conseguiu escrever o seu primeiro livro infantil à quarta tentativa, e, mesmo assim, o capuchinho vermelho acabou a fugir à pressa pela porta das traseiras.
Ele estava indeciso se tinha sido a frase «foda-se, que escreves bem como o caralho» que o tinha feito nascer para a escrita, ou se tinha sido mesmo aquela aposta com o gajo da bomba de gasolina em como foderia a miúda da papelaria muito antes dele conseguir escrever um conto que fosse, mesmo daqueles em que a palavra cona aparece três vezes antes da palavra conspiscuamente, ou mesmo excentricidade ou promiscuo. Mas aparentemente a vocação da escrita tinha-lhe sido mesmo revelada durante aquilo que posteriormente ele haveria de apelidar como acto de tendências sexuais, mas de consequências sociológicas. A paternidade incógnita conferira-lhe um conhecimento da natureza humana que apenas tinha experimentado de forma superficial aquando da relação passageira com uma enfermeira geriátrica que o chamava de «minha jugular assanhada» e lhe pedia mordidelas em locais que eram desconhecidos até aos mais experientes e dedicados crentes e contorcionistas de religiões orientais praticadas em zonas de rarefacção de oxigénio. Poderá mesmo dizer-se que era um escritor que tinha brotado daquela mistura explosiva de luxúria, convicções, escrúpulos e uma circuncisão praticada de forma efusiva. O seu primeiro enredo veio inspirado obviamente do seu primeiro coito reprimido. Qualquer ficcionista que se preze é filho duma vulva que se lhe fechou sem especais cumprimentos nem remorsos. O sucesso sexual por si só apenas produz estivadores e gestores de empresas, a escrita fluente e teledirigida precisa como do pão para a boca duma foda mal dada, ou duma cona completamente desencontrada, não chega um «para isso tinha ficado em casa», não, um «para isso tinha ficado em casa» apenas produz paneleiros e outros amantes da bricolage. A amizade que estabelecera com gente das ciências experimentais afastara-o felizmente das grandes questões da humanidade, e permitira-lhe o feliz encontro com uma bioquímica que tinha feito fortuna a gamar átomos de carbono às moléculas de glicerol e a traficá-los com uma nutricionista em Ayamonte. Fizeram uma sociedade para trazer confiança sexual a portadores de rabos flácidos, tendo ele obtido experiências de estrangulamento pelas vias posteriores, que acabaram por lhe render dois best sellers e três enxertos de porrada. Era uma vida saciada a conduzir uma escrita periorgásmica, género realismo mágico mas com mais corrimento. Descreveu mentruações que pareciam excursões pelo Nilo, ganhou um prémio em Nova Deli pela melhor desfloração em plena selva tropical, e a Ski news entrevistava-o de cada vez que metaforizava com a boca do inferno ou as paisagens da Anatólia. Chegou a descrever sentimentos no dia em que lhe morreu um cão, mas rapidamente lhe começaram a aparecer triângulos invertidos nas entrelinhas. Foi avô aos quarenta sem ter conhecido o discreto sabor da mão ginecológica, mas só conseguiu escrever o seu primeiro livro infantil à quarta tentativa, e, mesmo assim, o capuchinho vermelho acabou a fugir à pressa pela porta das traseiras.
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