Como preparar um sonho jeitoso
Pega-se num desgosto de amor, ou, na falta, numa digestão incompleta de arroz de amêijoas, acrescentam-se duas frases soltas mas a rimar, e ouve-se ‘Tonight’ do Richard Hawley. Depois do coração ter suspirado três vezes, e o intestino grosso quatro, bebe-se uma bebida morna, resmunga-se com o excesso de canela no arroz doce e olha-se para as estrelas pensando que elas estão de costas viradas para nós. Entretanto vai-se ao inconsciente, trazem-se dois recalcamentos ligeiros resultantes do envolvimento platónico com o sexo feminino na adolescência, junta-se com um pequena trauma de infância relacionado com apple strudel ou chocos com tinta, e põem-se em vinha de alhos com uma contrariedade recente, polvilhada duma sensação de fogagem na nuca certamente provocada pela respiração húmida e ofegante da Sónia Braga. Espera-se uma horita, durante a qual há que ser parco no contacto com felicidades passageiras e ansiedades crónicas, e passa-se os olhos por dois ou três poemas previamente escolhidos, mas nunca de uma tristeza explicita, nem de russos simbolistas. Alisa-se o travesseiro, aquecem-se os pés, dá-se uma fungadela tripla e uma rotação sobre o occipital, troca-se o Richard Hawley pelos Luna, e tenta-se adormecer pensando naquele pequeno almoço que a Sharon Stone tomou connosco a ver o mar no Albatroz no dia da primeira comunhão. Ao fim de cinco minutos estamos a subir o elevador de Sta Justa com a Nicole Kidman, é certinho.
Pega-se num desgosto de amor, ou, na falta, numa digestão incompleta de arroz de amêijoas, acrescentam-se duas frases soltas mas a rimar, e ouve-se ‘Tonight’ do Richard Hawley. Depois do coração ter suspirado três vezes, e o intestino grosso quatro, bebe-se uma bebida morna, resmunga-se com o excesso de canela no arroz doce e olha-se para as estrelas pensando que elas estão de costas viradas para nós. Entretanto vai-se ao inconsciente, trazem-se dois recalcamentos ligeiros resultantes do envolvimento platónico com o sexo feminino na adolescência, junta-se com um pequena trauma de infância relacionado com apple strudel ou chocos com tinta, e põem-se em vinha de alhos com uma contrariedade recente, polvilhada duma sensação de fogagem na nuca certamente provocada pela respiração húmida e ofegante da Sónia Braga. Espera-se uma horita, durante a qual há que ser parco no contacto com felicidades passageiras e ansiedades crónicas, e passa-se os olhos por dois ou três poemas previamente escolhidos, mas nunca de uma tristeza explicita, nem de russos simbolistas. Alisa-se o travesseiro, aquecem-se os pés, dá-se uma fungadela tripla e uma rotação sobre o occipital, troca-se o Richard Hawley pelos Luna, e tenta-se adormecer pensando naquele pequeno almoço que a Sharon Stone tomou connosco a ver o mar no Albatroz no dia da primeira comunhão. Ao fim de cinco minutos estamos a subir o elevador de Sta Justa com a Nicole Kidman, é certinho.
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