We are our own parables
Com o mar português a balançar os seus sentimentos entre uma despenalização próxima e uma pena capital longínqua parecemos a tripulação duma traineira que não sabe se haverá de congelar se de amanhar logo o peixinho. Conhecendo apenas o que é a vida por apalpação e o que é a morte por exclusão de partes vivemos reféns duma cultura de informação e de menorização de danos. Ou seja : de sobrevivência, apesar de sermos uma espécie de aparência tendencialmente autodestruidora (inconsciente e pulsionarmente?); haja algum cabrão que explique isto sem ser à base de lapsus. Já fui tentado várias vezes a pensar que Deus não existia, mas o meu corpo expeliu mais rapidamente a ideia do que a própria mente; formigueiro nas extremidades, algum atordoamento, nem deu tempo para me mijar pelas pernas abaixo, nem para aprofundar a ideia em condições mínimas, estou por isso também refém daquele cagaço mitológico da falta de sentido; se isto tudo não tem um sentido até poderia ser filho bastardo do capitão hook e enrabador de peter pans. Foi um desabafo. Pouco convincente. O que eu penso realmente é que temos de ir levando isto com calma mas sem poupar nos lubrificantes. Saber passar ao lado da merda deixando claro que não fomos nós, se for o caso de a pisarmos deixar claro que estávamos distraídos a pensar no bem da humanidade, e saber ser dos primeiros a levantar o queixo quando o aroma começar a aflorar. Acabei de me sentir mal com o que escrevi. É uma sensação boa saber que nos custa qualquercoizinha ser execrável. Mas quantas vezes não nos sentimos reconfortados com claras manifestações de ódio, quantas vezes não nos sentimos consolados com um raciocínio não importa a que resultado chegámos, quantas vezes não nos satisfazemos por chegar onde queríamos esquecendo-nos do como, quantas vezes não percebemos nada de nada mas precisamos de ter as tais extremidades com toda a sua capacidade sensorial, de demonstrar que somos pessoas de bem, e de que sabemos separar o trigo do joio que nem sofisticados centrifugadores éticos. Teremos todos direito a uma banca de monopólio privada de fins e meios, para gerir parcimoniosamente? Teremos todos direito a uma parábola só para nós? Tenho aquela impressão que Deus muitas vezes pensou desanimado: eu dei o meu melhor… mas depois algum anjo mais atrevido com cara de jack nickolson lhe terá sussurrado: é pá, olha lá, isto não é nenhuma retrosaria, hem. Mas a minha parábola particular é a da costureira: o tamanho certo da bainha depende mais do aperto da cintura do que da altura das pernas.
Com o mar português a balançar os seus sentimentos entre uma despenalização próxima e uma pena capital longínqua parecemos a tripulação duma traineira que não sabe se haverá de congelar se de amanhar logo o peixinho. Conhecendo apenas o que é a vida por apalpação e o que é a morte por exclusão de partes vivemos reféns duma cultura de informação e de menorização de danos. Ou seja : de sobrevivência, apesar de sermos uma espécie de aparência tendencialmente autodestruidora (inconsciente e pulsionarmente?); haja algum cabrão que explique isto sem ser à base de lapsus. Já fui tentado várias vezes a pensar que Deus não existia, mas o meu corpo expeliu mais rapidamente a ideia do que a própria mente; formigueiro nas extremidades, algum atordoamento, nem deu tempo para me mijar pelas pernas abaixo, nem para aprofundar a ideia em condições mínimas, estou por isso também refém daquele cagaço mitológico da falta de sentido; se isto tudo não tem um sentido até poderia ser filho bastardo do capitão hook e enrabador de peter pans. Foi um desabafo. Pouco convincente. O que eu penso realmente é que temos de ir levando isto com calma mas sem poupar nos lubrificantes. Saber passar ao lado da merda deixando claro que não fomos nós, se for o caso de a pisarmos deixar claro que estávamos distraídos a pensar no bem da humanidade, e saber ser dos primeiros a levantar o queixo quando o aroma começar a aflorar. Acabei de me sentir mal com o que escrevi. É uma sensação boa saber que nos custa qualquercoizinha ser execrável. Mas quantas vezes não nos sentimos reconfortados com claras manifestações de ódio, quantas vezes não nos sentimos consolados com um raciocínio não importa a que resultado chegámos, quantas vezes não nos satisfazemos por chegar onde queríamos esquecendo-nos do como, quantas vezes não percebemos nada de nada mas precisamos de ter as tais extremidades com toda a sua capacidade sensorial, de demonstrar que somos pessoas de bem, e de que sabemos separar o trigo do joio que nem sofisticados centrifugadores éticos. Teremos todos direito a uma banca de monopólio privada de fins e meios, para gerir parcimoniosamente? Teremos todos direito a uma parábola só para nós? Tenho aquela impressão que Deus muitas vezes pensou desanimado: eu dei o meu melhor… mas depois algum anjo mais atrevido com cara de jack nickolson lhe terá sussurrado: é pá, olha lá, isto não é nenhuma retrosaria, hem. Mas a minha parábola particular é a da costureira: o tamanho certo da bainha depende mais do aperto da cintura do que da altura das pernas.
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