Pedofideismo
Parece-me claro que um crente (ora mais temente, ora mais temerário) a Deus, por mais ironia pascaliana ou relativismo kirkegaardiano com que banhe a sua carninha, só consegue um churrasco em condições com umas oraçõezinhas ao deitar. Ninguém aguenta ir para a cama com a prova da causalidade enrolada, nem com angústias hermenêuticas, e muito menos com um Cristo histórico entre o jardim das Oliveiras e os desertos da Galileia. Toda a alma que se preze quer sossego, uma fé tenrinha, que deslize que nem um lombinho assado, e quanto muito um picante ou outro para aquilo não ficar parecido com palometa frita e ainda dar para enjoar.
Os evangelistas dizem-nos que Jesus indicava a simplicidade das crianças, e a descontracção dos lírios do campo, como ‘modelo de vida interior’, dando assim uma dica (expressão popularucha para ‘boa nova’) sobre a melhor maneira de adequar a nossa natureza de homo faber-sapiens, com tendência para complicar, à verdade mais fundamental da nossa condição, ou seja: Deus ama-nos e está dentro do nosso coração, e a adesão a esta realidade só se alcança com doses maciças de ingenuidade metafísica e alguns pózinhos de quessefodismo instrumental, até porque os fins justificam os meios, como bem sabemos pelos programas da BBC-vida selvagem sobre o sexo entre lagartos, que nem são filhos de Deus nem nos manuscritos do mar morto.
Ora bem podemos andar à toa com os Plínios, os Flávio Josefos, os marados dos gnósticos, as artroses dos zelotas, as filhas da puta das petroquímicas, os cabrões dos chinocas e a falta de pachorra em geral durante o dia que, à noitinha, com a biografia do Estaline ainda a marinar nos miolos, um gajo quer mesmo é que Deus seja aquela coisa fofinha que nos traz no colinho e que só nos diz para não vermos filmes pornográficos, até porque não se deve andar a alimentar corporações de multinacionais da limpeza a seco.
Cansa-me a dúvida, exaspera-me a indiferença, confrange-me a insegurança, desconfio da ironia, aborrece-me a impossibilidade, e por isso refugio-me naqueles sentimentos que se entranharam no corpinho desde criança, que são os mesmos ainda que me fazem ter medo de pássaros, gostar de queijo, dar beijinhos à esquimó, e não saber viver com os pés frios e a bexiga cheia. Deus entrou na minha vida ao mesmo tempo que o pulmão.
Sou claramente um mamífero a acreditar.
Parece-me claro que um crente (ora mais temente, ora mais temerário) a Deus, por mais ironia pascaliana ou relativismo kirkegaardiano com que banhe a sua carninha, só consegue um churrasco em condições com umas oraçõezinhas ao deitar. Ninguém aguenta ir para a cama com a prova da causalidade enrolada, nem com angústias hermenêuticas, e muito menos com um Cristo histórico entre o jardim das Oliveiras e os desertos da Galileia. Toda a alma que se preze quer sossego, uma fé tenrinha, que deslize que nem um lombinho assado, e quanto muito um picante ou outro para aquilo não ficar parecido com palometa frita e ainda dar para enjoar.
Os evangelistas dizem-nos que Jesus indicava a simplicidade das crianças, e a descontracção dos lírios do campo, como ‘modelo de vida interior’, dando assim uma dica (expressão popularucha para ‘boa nova’) sobre a melhor maneira de adequar a nossa natureza de homo faber-sapiens, com tendência para complicar, à verdade mais fundamental da nossa condição, ou seja: Deus ama-nos e está dentro do nosso coração, e a adesão a esta realidade só se alcança com doses maciças de ingenuidade metafísica e alguns pózinhos de quessefodismo instrumental, até porque os fins justificam os meios, como bem sabemos pelos programas da BBC-vida selvagem sobre o sexo entre lagartos, que nem são filhos de Deus nem nos manuscritos do mar morto.
Ora bem podemos andar à toa com os Plínios, os Flávio Josefos, os marados dos gnósticos, as artroses dos zelotas, as filhas da puta das petroquímicas, os cabrões dos chinocas e a falta de pachorra em geral durante o dia que, à noitinha, com a biografia do Estaline ainda a marinar nos miolos, um gajo quer mesmo é que Deus seja aquela coisa fofinha que nos traz no colinho e que só nos diz para não vermos filmes pornográficos, até porque não se deve andar a alimentar corporações de multinacionais da limpeza a seco.
Cansa-me a dúvida, exaspera-me a indiferença, confrange-me a insegurança, desconfio da ironia, aborrece-me a impossibilidade, e por isso refugio-me naqueles sentimentos que se entranharam no corpinho desde criança, que são os mesmos ainda que me fazem ter medo de pássaros, gostar de queijo, dar beijinhos à esquimó, e não saber viver com os pés frios e a bexiga cheia. Deus entrou na minha vida ao mesmo tempo que o pulmão.
Sou claramente um mamífero a acreditar.
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