Minha estimada senhora,

Não lhe bastando ter colocado aqui um dragão de língua de fora, numa afronta directa ao momento de alguma ansiedade competitiva que envolve a minha leonina alma, entusiasmou-se, e youtubou aqui o estabelecimento com uma musiquinha pospunkada dos Soft Cell ameaçando a virilidade construída filigranadamente (eu gosto desta expressão, que fazer) ao longo destas semanas.

Espera-se a remissão destas provocadoras atitudes com fotografias de virgens parmigianas, colagens de pintores expressionistas de cariz não suicidário, seguidas de paisagens bucólicas encimadas por versos de sebastião da gama, sendo, no entanto, facultativos, tanto os pôr do sol no portinho da arrábida como as naturezas mortas cubistas.

Em querendo fazer uma série, como é de bom tom, tomo a liberdade, senhora, à falta do ferrero rocher, de lhe sugerir algo que possa reflectir uma alma em constante vertigem de originalidade, a título de exemplo, arranjos de flores ou frisos em art deco.

Respeitosamente, aliás nem podia ser doutra forma,

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