Param, scutam e otam, mas o comboio já passou há que tempos.

João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos, remata um post com a frase-trocadilho sobre a esquerda portuguesa, caracterizando-a como ‘persiste sinistra’. Literariamente feliz, mas julgo que acaba por valorizá-la em excesso. A esquerda (primeiro em regime de clandestinidade e depois de pós revolução) produziu, de facto, em Portugal, o único político de eleição depois de Salazar, que foi Soares, (Cunhal daqui a uns anos ficará apenas como um sofrível desenhador a carvão) mas de resto apenas alimenta, na regra, o que foi mantendo colado com cuspo ao longo dos anos: o intelectualismo bafiento (em média sempre mais fraco que a vida intelectual da direita - que evoluiu para mais aberta, mais culta e mais actualizada – e alinhavado numa cozedura arrastada), o tecnocratismo anedótico (sempre a meio caminho entre a incompetência, o almanaque e a flacidez - e nunca focado como o da direita- apenas babando reformas como quem palita os dentes), e o burocratismo verborreico (comprado em promoções nas escolas internacionais que vão rodando ciclicamente a moda socialoide)

Sócrates tenta encher o peito de ar , mecanizar o discurso, (analisou o inenarrável Guterres, o insuportável Vitorino, o amorfo Constâncio, o vazio Coelho, entre outros que pouco contam, e tenta fugir-lhes) mostrar que não é desse campeonato, e que poderá levar o rebanho rosa pelo menos a pastar num atmosfera mais arejada. Julgo que não vai lá. Vestem melhor, lêem autores mais cosmopolitas, sufocam sofrivelmente as asneiras mediáticas, clintonizam e blairizam, mas não dá para alegrarem. Ter como comparação as recentes ‘buchas’ da direita Barroso&Santana apenas chega para enganar a fome. Na média, a esquerda em Portugal não atrai os melhores. Sociologicamente é mais pobre. Mas como o país é Portugal, dá para governar. Persiste sem vista.

(e continuo sem perceber como se põem links nesta coisa…)

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