‘O mundo é portátil’

‘Para quem não tem nada a esconder’. Canta Marisa Monte no seu ‘infinito particular’. Esta frase tem tanto de verdade como dizer que o bacalhau à Brás é um prato de batatas fritas palha. Primeiro, nós, pela natureza das coisas, escondemos tudo, porque essencialmente tudo se passa no nosso interior, e a transparência não é prerrogativa que nos encaixe ontologicamente. Mas, por outro lado, somos autênticas caixinhas de pandora com o fecho estragado, e deixamos sempre uma fraldinha de fora que nem gaiatos.

Concluindo: esconder ou mostrar não são características que ajudem a definir-nos, já para não falar dos óbvios: escondemo-nos mostrando-nos, e mostramo-nos escondendo-nos. E tudo o que é portátil um dia acaba por fazer doer o braço.

Bom bom é um ‘mundo’ rebelde, mas que no final do dia, quando a tarde ‘já não é senão melancolia’, nos venha sussurrar ao ouvido que se sente bem connosco, mesmo que o coração esteja retido na clareira dum fogo posto.

Sem comentários: