Outro dos mais importantes Factores Decisivos do Progresso é o ‘abuso de confiança’. Trata-se dum fenómeno de razoável alcance, desde o palavreado jurídico a pavonear-se nas intricadas relações entre o ordenamento legal e o social , até à bancada da fruta onde a freguesa gosta de atestar da consistência dum melão que ainda não é dela, e ilustra um mundo que se foi construindo a pisar riscos, a sacar braços quando só nos ofereciam a mão, e a coçar até à ferida onde só se passaria uma comichão. Conseguindo colocar a consciência própria e a alheia na mesmo tacho em que se cozinha o interesse e a vontade (condimentada por um desejo que gosta de não saber explicar), o homem, entre o peito feito e o rabo a abanar, foi conquistando prerrogativas a um Deus que apenas conhece por interposta criação – e que transforma constantemente numa ‘jangada de pedra’. A existência sempre foi uma combinação entre o atrevimento e a incerteza, o colapso e a palpitação, com a confiança a servir de ponte e a partir jarros à beira da fonte.
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