fdp

O estudo dos Factores Decisivos do Progresso sempre foi algo que me apaixonou e me fez perder a cabeça, desde a observação dos raios laser, ou do atum em conserva, ou mesmo o funcionamento do enclave de neurónios situado a noroeste do bolbo raquidiano. Penso, contudo, que um dos fdp que tem sido continuamente desvalorizado e mal catalogado, é o caso do ‘abuso da posição dominante’. Quer estejamos no ambiente das teorias do mercado e da concorrência, ou do sexo, ou da astronomia, este conceito é duma riqueza que tem andado em desbaratamento sucessivo. O que seria dum planeta sem a sua lua, o que seria o canto do galo sem o seu poleiro, como seria uma noite de sexo grátis e empolgante sem a devida preparação através dum pacote de sms sem taxa de adesão; acrescentaria mesmo, ao arrepio de algum rigor científico: o que seria dum caranguejo sem um ascendente de escorpião. Para já isto deve servir-nos para um enunciado simples: num sistema equilibrado de dominação a eficácia depende essencialmente da qualidade do dominado; e a política é paradigmática na sua ilustração: a performance da governação depende muito mais da qualidade do povo do que da qualidade do governante.

Julgo então ser pertinente encerrar com um postulado prático: esquerda e direita deveriam dar as mãozinhas, tipo profissão de fé na catequese, e esfalfarem-se para que o povo pudesse ir ficando criteriosamente estupidificado e, em simultâneo, selectivamente encavalitado. Não pode haver um eficaz ‘abuso da posição dominante’ com lateralidades e compromissos pudicos. A foto abaixo exposta representa um logro político-metafórico. E assim a natureza não evolui a par da civilização. Tratem lá dessa coisa antes que nos comecem a doer muito as costas.

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