‘A culpa é da vontade’
‘Que vive dentro de mim’(*)
Esta coisa do querer e não poder, com ‘p’, é um dos encantos da nossa sinuosa passeata sobre as planícies e os penhascos da Criação. O desejo é um constituinte elementar da nossa natureza, (a par das úlceras de estômago e da sinusite nos dias melhores, das vertigens de fim do mundo e ser enrabado por lampiões, nos dias piores) e o quadrado mágico dos seus adjacentes - realização, frustração, repressão e alienação – contém as flores que o adornam. Hoje falarei sumariamente da realização do desejo. Trata-se muitas vezes de algo semelhante a começarmos a pensar no nosso avozinho que nos levava à bola, ensinava a pescar, dava 2 m’reis para as castanhas e contava as histórias do David Crockett e acabarmos a eleger o Guterres para 1º ministro. Realizar um desejo é básica, ontológica e dialecticamente fodermos, com ‘f’, um sonho, corromper uma memória, trocarmos uma festa no cabelo por um toalhete húmido. O grande problema é que, enquanto o desejo não sai dentro de nós por alguma das vias acima referenciadas – mas não em epígrafe – também estamos um pouco fodidos (esta palavra continua a ser a mais expressiva; a utilização do sinónimo aprovado pelos concílios - ´prejudicados’, por exemplo, afastar-nos-ia do centro de gravidade da questão). Mas a realização de um desejo, literariamente enquadrada, acaba por ser, como solução intermédia, um bom compromisso qualidade/preço: a vontade fica reduzida energia cósmica, a tentação resumida a verbo transitivo, a culpa a mito da arcádia e, finalmente, a satisfação pode sempre ser arquivada no cacifo dos pendentes em análise, e geralmente ainda ficamos com algum crédito, quer face ao Ser criador, quer face ao ser propiciador. Nós, cá por dentro, gostamos de nos achar um vulcão, mas somos bastante mais um bater de asas de colibri, oleado com mais ou menos baba.
(*) antº variações
‘Que vive dentro de mim’(*)
Esta coisa do querer e não poder, com ‘p’, é um dos encantos da nossa sinuosa passeata sobre as planícies e os penhascos da Criação. O desejo é um constituinte elementar da nossa natureza, (a par das úlceras de estômago e da sinusite nos dias melhores, das vertigens de fim do mundo e ser enrabado por lampiões, nos dias piores) e o quadrado mágico dos seus adjacentes - realização, frustração, repressão e alienação – contém as flores que o adornam. Hoje falarei sumariamente da realização do desejo. Trata-se muitas vezes de algo semelhante a começarmos a pensar no nosso avozinho que nos levava à bola, ensinava a pescar, dava 2 m’reis para as castanhas e contava as histórias do David Crockett e acabarmos a eleger o Guterres para 1º ministro. Realizar um desejo é básica, ontológica e dialecticamente fodermos, com ‘f’, um sonho, corromper uma memória, trocarmos uma festa no cabelo por um toalhete húmido. O grande problema é que, enquanto o desejo não sai dentro de nós por alguma das vias acima referenciadas – mas não em epígrafe – também estamos um pouco fodidos (esta palavra continua a ser a mais expressiva; a utilização do sinónimo aprovado pelos concílios - ´prejudicados’, por exemplo, afastar-nos-ia do centro de gravidade da questão). Mas a realização de um desejo, literariamente enquadrada, acaba por ser, como solução intermédia, um bom compromisso qualidade/preço: a vontade fica reduzida energia cósmica, a tentação resumida a verbo transitivo, a culpa a mito da arcádia e, finalmente, a satisfação pode sempre ser arquivada no cacifo dos pendentes em análise, e geralmente ainda ficamos com algum crédito, quer face ao Ser criador, quer face ao ser propiciador. Nós, cá por dentro, gostamos de nos achar um vulcão, mas somos bastante mais um bater de asas de colibri, oleado com mais ou menos baba.
(*) antº variações
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