Conto do pixel desphotobucketado

Roçando o descaminho, o pixel da nossa história tentou desesperada, mas previsivelmente, o refúgio numa servidora clássica: uma mijinha primeiro, servicinho em dose pré-estabelecida depois, outra mijadela no final, tudo se consumaria, como de costume: satisfeito e devidamente desinfectado. Porquê mexer em fórmulas de sucesso, já testadas por pecadores devidamente iluminados e santos devidamente contritos e com atestado por caducar, porquê deixar para a confissão pecados de menor monta, porquê queimar genuflexões com meros flirts de ocasião, porquê deixar os anjos da guarda ainda ganharem alergias perante impurezas de fraco porte ou adormecerem face a húmidas perversões de adolescente, porque dar trunfos à vergonha a troco de desvios de segunda categoria. Só que o nosso pixel não poderia prever a rejeição do servidor que o tinha acolhido em tantos daqueles dias de dorida desformatação. Aparentemente tinha chegado o momento em que os seus pecados também começariam a ter de nivelar por baixo, ou então os seus dilemas passariam a colocar-se entre o casto esquecimento do hardware e a mera auto-estimulação do software. ‘Se ao menos ainda fosse um trilema’ ficou ele a pensar abrigado neste trocadilho de fraca iluminação… ‘bolas, todos arranjam sempre uma descompactaçãozinha para aliviar, que diabos’! Também ele haveria de arranjar uma photoshopa jeitosa que lhe aproveitasse os megas ao limite e lhe pusesse a memória a fermentar outra vez que nem uma cerveja belga. Mas aqui o narrador não o poderá mesmo ajudar: foi-me encomendada uma história com um desenlace rápido e moralmente limpinho: o pixel terá de se contentar com a mera gestão da observação de aves ou com a rebentação das ondas. Terá de saber viver com a rejeição, terá de saber satisfazer-se ali algures entre a alegoria e a sublimação, roendo pen-disks até ao osso, já de si também elas desgastadas por terem guardado tanta emoção consumada à pressa e sem pixélias por perto.

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