Refreshing
(não temos é soutiens para queimar)

Do tempo. O dicionário não ilustrado hoje não irá falar sobre o crescimento, ou sobre o amadurecimento, ou envelhecimento, se bem que valeria a pena. Hoje é frequente falar dos homens ( aqui significando o género masculino apenas) que pretendem recuperar a sua adolescência, ou que a prolongam, numa mistura do ‘nunca crescem’, com o ‘querem voltar a ser miúdos’, face a hábitos e gostos que agora se encontram mais frequentemente na chamada grande órbita da meia-idade (eu nem acredito que estou a falar assim) e que parecem mais próprios duma juventude sem responsabilidades, e com o tempo e a rebeldia e liberdade para o esturricar e render. Apenas acho que o homem, feito um balanço, nos nossos dias, amadurece (ou pode amadurecer) duma forma muito mais engraçada e lúdica, com o que pode ler, com a musica que pode ouvir- e como o pode fazer- o que pode viajar, ver, interessar-se, conversar, fazer, pensar e até sentir.
Quando a macieira atraiçoou Adão e ele acabou expulso do paraíso, nada indica que, lá por passar a encarquilhar a casca, não se poderia ir mantendo viçoso por dentro que nem uma maçã raineta. Amadurecer pode ser cada vez menos amolecer e cada vez mais refrescar, como já aconteceu com a pesca industrial em alto mar há dezenas de anos.
O homem pode ser diletante sem deixar de ser responsável e exigente com o que quer da vida, e sem sequer cair naquela obsessão parola de a querer aproveitar ao limite, pode ‘engaiatar-se’ ( vem de gaiato, calma!) sendo o tal ‘bom pai de família’ que lhe manda a consciência, pode ir reformulando constantemente o peso das coisas, mesmo sabendo que ao querer caminhar sobre as águas, que nem o incrédulo S. Pedro, também pode correr o risco de fazer figura de ganso patola. Sem reprimendas sociais, nem morais, nem culturais, e também com normalidade. É esta a emancipação masculina. Seja ele gabiru, seja apertadinho para os lados, seja putanheiro, seja amante do bricolage tecnológico, ou dos blogs de poesia ambulatória, seja jardineiro, seja eunuco, seja marinheiro, seja realmente maluco, caminhante solitário, esteja viciado na playstation, nos sopranos, na nova pop britânica, no sky surf, ou no canal Panda, ou Odisseia, ou seja apenas mais um parvo que para aqui anda, volta e meia.

Meto-me em conversa praticamente séria, e depois dá nisto. E o dicionário sobre o 'tempo' foi irresponsavelmente pró caraças

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