‘Como se faz um santo’
À atenção de sua Eminência o Sr. Cardeal Saraiva, para ir preparando o dossierzinho.

Ponhamos que o brazuca do bigodinho depois duma visão semi-iconoclástica mete o Hugo Viana a cinco minutos do juízo final; este gajo, num inesperado rasgo de iluminação ad mortem, lembra-se retrospectivamente dum passe que tinha visto fazer ao Pedro Barbosa depois de ter enfardado duas tostas mistas, e faz um igual de 25 metros desmarcando o bom do Boa Morte que, obviamente, nem estava de todo à espera, face ao papel de animador cultural que lhe tinha sido inicialmente destinado; este corre então dez metros em slalom vertiginoso – no sentido do adversário, para espanto da audiência - logrando passar por dois anglicanos sem perder a noção da localização da bola, nem do tornozelo, nem do Aquiles, nem da cabeça da Ana Bolena e, em registo assombroso, faz um centro tenso, colocado a meia altura, que é apanhado pelo lombinho do pé do Postiga, devidamente massajado com creme barral, que, na passada, enfia um charuto, arqueado, tipo rolo banana de tirar rugas, para dentro da baliza de sua majestade, sem dar sequer tempo ao guarda-redes de invocar a intercessão do santo protector das permanentes de Camila P. Bowles.
Julgo que nem São Bento no seu arrepiante martírio conseguiria ser mais convincente. Scolari poderá estar, a qualquer momento, à beira dos altares.
Mas depois pode ser que ainda volte aos clássicos, porque ficou por resolver aquele subliminar problema entre o verso alexandrino e o Maniche.

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