‘Comecemos por cantar as Musas Helicónicas’ (*)
Esse tal Hesíodo, enquanto andava entretido a pôr as mulheres de Zeus a parir desenfreadamente naquele harém olímpico, mal sabia que, com as Musas, iria definir o paradigma da mulher enquanto gaja, ou seja, enquanto ser que cumpre o seu papel dando cabo da carola a um gajo (também chamada uma tal de ‘alteridade’) , seja ele pastor ou não, mas mantendo-o sempre sob a ilusão de que se está a inspirar. Hoje, Mad’am. , o dicionário não ilustrado, fazendo jus ao seu apelo, (praticamente de mainstream, diga-se) de dar o devido valor aos clássicos, dedica-se (e dedica-lhe) a fazer a verdadeira descodificação das artes geralmente atribuídas a cada uma das nove musas, em aberta concorrência com as sereias homéricas. E sempre se evita aquela coisa desagradável de andar a fazer massagens reflexológicas nos pés. (entradas 1202 a 1210)
Clio – Esta musa representa o estilo de mulher que leva o homem à base das obscuras artes e técnicas da História. Fá-lo crer que o passado existe, que é organizável, verificável, e que ela esteve sempre lá, à espera que ele a conseguisse descobrir no meio das outras todas, como a única que seria capaz de lhe tomar conta da Bastilha.
Euterpe – Esta é a musa que exige ao homem uma constante e afinada Música, e, se o sente muito calado ou monocórdico, pensa logo que está a preparar a pauta para outra. É uma eterna insatisfeita e só se contenta quando vê a clave de sol ali a passar-se do sustenido pró bemol e sem passar pela casa da partida.
Talia – É a musa da Comédia. Ou um gajo a põe a rir e sem precisar de receita, ou então é considerado poeta existencialista e sifilítico, e tem destinado a bricolage como destino mítico.
Melpómene – Musa destinada a homens com predisposição para a Tragédia. Ajusta-se àquele tipo de mulher que apela aos valores limites da masculinidade, e que só depois de bem atraiçoada e com a amante devidamente morta e cortadinha em postas, é que vai pôr a sopa no microondas e lhe dobra as peuguinhas.
Terpsícore – É uma das musas mais ingratas porque exige a Dança como forma de cumprimento dos rituais de sedução e respectivos adornos. Representa o tipo de mulher que aprecia ver o homem a ridicularizar-se no denominado movimento artístico-corporal, e que assim, tal como a fruta na sangria, acabará diluído e a abanar-se em seven-up’s reprimidos e envergonhados.
Erato – Musa correspondente àquela amante à maneira tradicional; exige a Lírica amorosa como prova de dedicação e passa o tempo a ver se a métrica confere com a expectativa criada pela rima. Só se satisfaz com piqueniques no monte Parnaso – e o respectivo enchido ‘parnassão’, claro - e com os mosquitos a zumbirem que nem um fastio de rima leonina.
Polimnia – É a musa que se dedica a influenciar o Paleio do homem que lhe é adjacente. Representa aquelas mulheres que exigem do homem uma constante actualização de temas, estilos e variedade de empolgamentos, (também conhecido como o engate hímnico) sob a eterna ameaça de se vir a tornar possuído pelo síndrome de inábil e desinteressante, e arriscar-se a ser trocado por um atleta de circo sem crises de inspiração.
Urania – Musa da Astronomia, destinada a homens de aparência distraída, mas que, vai-se a ver, andam é sempre à coca com as fases da lua, procurando antecipar as crises premonitórias dum quarto minguante.
Calíope – Musa que tem atribuída a inspiração da Poesia Épica e que fatalmente conduz os homens a terem de lutar por ela num ambiente de concorrência expressa e violenta. Precisa de vencedores, não lhe chegam gajos a quem a virtude caía do céu. Levar feridas para lamber é absolutamente essencial para dar vazão a esta musa cheia de… nada nada.
(*) É assim que começa a 'Teogonia' do Hesíodo, Helicónicas não me parece um nome feliz, mas ele depois limpa-se escrevendo:
...senhoras da grande e divina montanha de Helicon /as que dançam com os seus pés delicados em volta da fonte / de águas violáceas… e por aí adiante.
Esse tal Hesíodo, enquanto andava entretido a pôr as mulheres de Zeus a parir desenfreadamente naquele harém olímpico, mal sabia que, com as Musas, iria definir o paradigma da mulher enquanto gaja, ou seja, enquanto ser que cumpre o seu papel dando cabo da carola a um gajo (também chamada uma tal de ‘alteridade’) , seja ele pastor ou não, mas mantendo-o sempre sob a ilusão de que se está a inspirar. Hoje, Mad’am. , o dicionário não ilustrado, fazendo jus ao seu apelo, (praticamente de mainstream, diga-se) de dar o devido valor aos clássicos, dedica-se (e dedica-lhe) a fazer a verdadeira descodificação das artes geralmente atribuídas a cada uma das nove musas, em aberta concorrência com as sereias homéricas. E sempre se evita aquela coisa desagradável de andar a fazer massagens reflexológicas nos pés. (entradas 1202 a 1210)
Clio – Esta musa representa o estilo de mulher que leva o homem à base das obscuras artes e técnicas da História. Fá-lo crer que o passado existe, que é organizável, verificável, e que ela esteve sempre lá, à espera que ele a conseguisse descobrir no meio das outras todas, como a única que seria capaz de lhe tomar conta da Bastilha.
Euterpe – Esta é a musa que exige ao homem uma constante e afinada Música, e, se o sente muito calado ou monocórdico, pensa logo que está a preparar a pauta para outra. É uma eterna insatisfeita e só se contenta quando vê a clave de sol ali a passar-se do sustenido pró bemol e sem passar pela casa da partida.
Talia – É a musa da Comédia. Ou um gajo a põe a rir e sem precisar de receita, ou então é considerado poeta existencialista e sifilítico, e tem destinado a bricolage como destino mítico.
Melpómene – Musa destinada a homens com predisposição para a Tragédia. Ajusta-se àquele tipo de mulher que apela aos valores limites da masculinidade, e que só depois de bem atraiçoada e com a amante devidamente morta e cortadinha em postas, é que vai pôr a sopa no microondas e lhe dobra as peuguinhas.
Terpsícore – É uma das musas mais ingratas porque exige a Dança como forma de cumprimento dos rituais de sedução e respectivos adornos. Representa o tipo de mulher que aprecia ver o homem a ridicularizar-se no denominado movimento artístico-corporal, e que assim, tal como a fruta na sangria, acabará diluído e a abanar-se em seven-up’s reprimidos e envergonhados.
Erato – Musa correspondente àquela amante à maneira tradicional; exige a Lírica amorosa como prova de dedicação e passa o tempo a ver se a métrica confere com a expectativa criada pela rima. Só se satisfaz com piqueniques no monte Parnaso – e o respectivo enchido ‘parnassão’, claro - e com os mosquitos a zumbirem que nem um fastio de rima leonina.
Polimnia – É a musa que se dedica a influenciar o Paleio do homem que lhe é adjacente. Representa aquelas mulheres que exigem do homem uma constante actualização de temas, estilos e variedade de empolgamentos, (também conhecido como o engate hímnico) sob a eterna ameaça de se vir a tornar possuído pelo síndrome de inábil e desinteressante, e arriscar-se a ser trocado por um atleta de circo sem crises de inspiração.
Urania – Musa da Astronomia, destinada a homens de aparência distraída, mas que, vai-se a ver, andam é sempre à coca com as fases da lua, procurando antecipar as crises premonitórias dum quarto minguante.
Calíope – Musa que tem atribuída a inspiração da Poesia Épica e que fatalmente conduz os homens a terem de lutar por ela num ambiente de concorrência expressa e violenta. Precisa de vencedores, não lhe chegam gajos a quem a virtude caía do céu. Levar feridas para lamber é absolutamente essencial para dar vazão a esta musa cheia de… nada nada.
(*) É assim que começa a 'Teogonia' do Hesíodo, Helicónicas não me parece um nome feliz, mas ele depois limpa-se escrevendo:
...senhoras da grande e divina montanha de Helicon /as que dançam com os seus pés delicados em volta da fonte / de águas violáceas… e por aí adiante.
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