Carta de São Ocrates aos Scolarissences
(manuscrito apócrifo descoberto por um tipo já meio bebido ali para os lados do elevador da bica e aprofundado cientificamente pela National Geographic em patrocínio com a cerveja Carlsberg)

Todos os dias dou graças pelos ricos meninos que vós sois, unidos em torno do vosso paizinho do bigodinho que tanto respeitais. Acreditai, é desta união que retirareis frutos, e ponde também os olhinhos no vosso país que agora já está a crescer quem nem um tigre asiático, tem um protocolo que não envergonha ninguém, e vai ter os professores todos avaliados pelos paizinhos, as farmácias avaliadas pelos paraplégicos, os bombeiros pelos pirómanos e até a Ana Gomes vai ser avaliada pelo Pirilampo mágico. Antes de tudo, dai sempre as mãozinhas antes dos jogos, fortalecei os vossos corações e exortai em conjunto para que as forças não vos abandonem, pois tendes sido abençoados com o jeitinho dos brinca na areia. E se por acaso vos sentirdes fraquinhos, e qualquer dorzinha vos impedir de contribuir, não vos apoquenteis, eu arranjo-vos o atestado dum médico de Guimarães. Não vos deixeis também abater com a concorrência entre vocês, se algum se sentir marginalizado, ligeiramente enrabado, se algum se sentir demasiado pressionado eu tratarei de lhe garantir uns pistachiozinhos no banco e uma massagista ucraniana com os papeis em ordem. Não sucumbais sob o peso da ansiedade, pensai que eu ainda há pouco tempo fazia debates com o Santana Lopes e agora já ando de nariz empinado como o Portas, e até parece que tenho ideias, pareço o Churchil ao pé do Marques Mendes e sou primeiro-ministro e tudo. Fazei sempre o que vos mandar o gordinho de bigode, isso é que é o mais importante, se ele disser para fintar, fintai, se for rezar rezai, se for cantar cantai, se for andar feitos tontos no campo andai, se for um centrozinho em balão, obedecei e não vos deixeis tentar pelas bolas tensas que podem ser muito traiçoeiras. Ponde os olhos no país que vos transporta no regaço mítico, sede amiguinhos, passai a bola uns aos outros, mesmo ao Nuno valente, acarinhai o Meira depois dos golos que vai marcar na própria baliza e dizei sempre ao Petit que ele é muito bonito e ao Maniche que é quase tão inteligente como o Rogeiro. Nunca desanimeis perante a adversidade, seja ela uma derrota humilhante, seja tomarem consciência que não jogam ponta de um corno, mas Deus que vos livre de apanharem com os do Equador pela frente porque eles têm um caparro que não é do vosso campeonato, e o vosso corpinho deve ser preservado para poderem limpar as bandeirinhas espalhadas pelas ruas quando voltarem. Não vacileis nunca, lembrai-vos que até o Adamastor se acagaçou com o Bartolomeu, e o D. Sebastião, aquilo foi qualquer coisa que ele comeu.

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