Quaresma XXXV
Mas se era isto que queriam escrever...
«Diz ele (...) que há um súbito olhar límpido de mulher num súbito terraço, uma bola amarela de criança que vem devagar tocar-nos nos pés, qualquer coisa de violino, qualquer coisa de harpa, que vem de qualquer coisa que é noite, ou apenas silêncio, uma luz filtrada de pausa em certo fim de tarde,(...) um cisne sem lago subindo o colo daquela mulher, ou a sua nudez ansiada como espuma de carne num lençol, a curva a que a mão dá o contorno, o cansaço nos lábios mordendo o cigarro, a amplidão de repente feita olhar, (...) uma saia de roda que faz fru-fru, a luz que rompe, rindo, em face suja, alguém recupera música esquecida assobiando,(...) um amigo chega bate à porta e lembra-nos o que somos, uma frase atirada ao acaso dirige-se directamente ao coração de alguém, um pedaço de relva enrola-se nos dedos distraídos,(...) há uma gota de orvalho no teu ombro, (...) embora eu já nem saiba como hei-de dizer tudo isto»
... já não vale a pena. Este gajo já escreveu. O Dinis Machado, em ‘O que diz Molero’ ( ed Bertrand, pg 65). Se souberem fazer rimas ainda podem usar umas terminações para os santos populares.
Mas se era isto que queriam escrever...
«Diz ele (...) que há um súbito olhar límpido de mulher num súbito terraço, uma bola amarela de criança que vem devagar tocar-nos nos pés, qualquer coisa de violino, qualquer coisa de harpa, que vem de qualquer coisa que é noite, ou apenas silêncio, uma luz filtrada de pausa em certo fim de tarde,(...) um cisne sem lago subindo o colo daquela mulher, ou a sua nudez ansiada como espuma de carne num lençol, a curva a que a mão dá o contorno, o cansaço nos lábios mordendo o cigarro, a amplidão de repente feita olhar, (...) uma saia de roda que faz fru-fru, a luz que rompe, rindo, em face suja, alguém recupera música esquecida assobiando,(...) um amigo chega bate à porta e lembra-nos o que somos, uma frase atirada ao acaso dirige-se directamente ao coração de alguém, um pedaço de relva enrola-se nos dedos distraídos,(...) há uma gota de orvalho no teu ombro, (...) embora eu já nem saiba como hei-de dizer tudo isto»
... já não vale a pena. Este gajo já escreveu. O Dinis Machado, em ‘O que diz Molero’ ( ed Bertrand, pg 65). Se souberem fazer rimas ainda podem usar umas terminações para os santos populares.
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