Carta ao inominável homem-do-blog
Procurar princípio, meio e fim nos textos com que o autor residente desta baiúca nos surpreende (gosta do conceito, senhor opiniondesmaker?) é uma tarefa a que há muito deixei de me dedicar. O seu percurso pelo ilógico ("é tão fácil escrever aquilo", diz a olhar-me nos olhos) converte um mundo abstracto e intangível, de personagens catadas aqui e ali mas sempre nos confins do absurdo, em panóplias de respostas que não existem senão para quem as não procura porque as próprias perguntas que suscita são do domínio do invisível. Essencialmente humano no registo diversificado em que a fé faz de cordão umbilical a temas e criaturas que contracenam com o vazio, o mesmo vazio da existência posto em cena que constitui a essência própria do blogar, é pelo humor, banal às vezes e sofisticado outras, que aqui se faz o jogo último com a nossa falibilidade, lembrando-nos o quanto somos ridículos e inoperantes diante do mistério de existir apenas pelas palavras espalhadas num qualquer agátêémiéle com que julgamos feita a nossa provisória e efémera glória. O 'clown' em que se metamorfoseia acaba, desta forma lapidar, por nos dizer (como Beckett no seu Godot, não é?) que palhaços são os que se deixam 'governar' por gente estúpida, tanto ou mais estúpida quanto nós próprios que insistimos em elevar aos pedestais os imbecis de sempre (a blogaria é réplica, o original está em museu). Esta conversa toda serve, como é bom de ver, apenas de pretexto para o informar da necessidade de recomeçar o seu precioso 'dicionário não ilustrado' e sugerir-lhe o início de uma nova série cujo título poderia bem ser 'diário de um concubinador' porque estou farta de ler aqui quaresmas moídas e smsantologias em tom de gaja perimenopáusica antes de ir ao cirurgião plástico. Até porque se, como dizia o mesmo Beckett em "Endgame" (1956) dando à angústia a sua exacta dimensão, "Nada é mais divertido que a infelicidade", então começa a ser necessário brindar com gargalhadas, palmas, encores e flores aos artistas do circo em que vivemos (o domador é opcional).
Procurar princípio, meio e fim nos textos com que o autor residente desta baiúca nos surpreende (gosta do conceito, senhor opiniondesmaker?) é uma tarefa a que há muito deixei de me dedicar. O seu percurso pelo ilógico ("é tão fácil escrever aquilo", diz a olhar-me nos olhos) converte um mundo abstracto e intangível, de personagens catadas aqui e ali mas sempre nos confins do absurdo, em panóplias de respostas que não existem senão para quem as não procura porque as próprias perguntas que suscita são do domínio do invisível. Essencialmente humano no registo diversificado em que a fé faz de cordão umbilical a temas e criaturas que contracenam com o vazio, o mesmo vazio da existência posto em cena que constitui a essência própria do blogar, é pelo humor, banal às vezes e sofisticado outras, que aqui se faz o jogo último com a nossa falibilidade, lembrando-nos o quanto somos ridículos e inoperantes diante do mistério de existir apenas pelas palavras espalhadas num qualquer agátêémiéle com que julgamos feita a nossa provisória e efémera glória. O 'clown' em que se metamorfoseia acaba, desta forma lapidar, por nos dizer (como Beckett no seu Godot, não é?) que palhaços são os que se deixam 'governar' por gente estúpida, tanto ou mais estúpida quanto nós próprios que insistimos em elevar aos pedestais os imbecis de sempre (a blogaria é réplica, o original está em museu). Esta conversa toda serve, como é bom de ver, apenas de pretexto para o informar da necessidade de recomeçar o seu precioso 'dicionário não ilustrado' e sugerir-lhe o início de uma nova série cujo título poderia bem ser 'diário de um concubinador' porque estou farta de ler aqui quaresmas moídas e smsantologias em tom de gaja perimenopáusica antes de ir ao cirurgião plástico. Até porque se, como dizia o mesmo Beckett em "Endgame" (1956) dando à angústia a sua exacta dimensão, "Nada é mais divertido que a infelicidade", então começa a ser necessário brindar com gargalhadas, palmas, encores e flores aos artistas do circo em que vivemos (o domador é opcional).
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