Quaresma III
Asceses alternativas…
“Allendy é de facto um homem majestoso, um cientista intrépido, um estudioso, um homem que procura relacionar a ciência com o misticismo. É um chefe um professor. E Henry é o seu oposto. Henry é um sensualista, um anarquista, um aventureiro, um proxeneta, um génio louco.
(…)
Consolo June. Acaricio-lhe o braço. Henry chora também, sentimentalmente. Subitamente, a intuição de June explode, terrivelmente aguda. «Henry, tu és bom de um modo que eu não sou capaz de compreender, e mau de um modo que me aflige. Há algo em ti que não sou capaz de me apoderar. Não posso ser escrava das tuas ideias, és um homem demasiado espiritual. Sou a mulher errada para ti.
(…)
Quando encontro Artaud, ele está nobre, orgulhoso, com os olhos loucos de alegria, os olhos de um fanático, de um louco.(…) As suas mãos apenas pairam sobre mim, sobre os meus ombros, e, contudo, sinto o peso magnético delas.
Vim vestida de negro e vermelho e aço como um guerreiro, para me defender contra a posse. (…) O seu humor é quase satânico, sem alegria evidente, apenas alegria simbólica. (…) Nos seus movimentos há uma fixidez, uma intensidade, uma ferocidade, uma febre, que rebentam em suor no seu rosto. (…) Fala obscuramente, corteja-me, ajoelhando-se perante mim.(…) «Allendy disse-te que …mais tarde ou mais cedo irás desprezar-me. Não fui feito para o amor sensual. E isto tem tanta importância para as mulheres»”
… nos ‘Diarios de Anaïs Nin’ (ed Bertrand, 1983, vol 1, pgs 130-131 e 208) envoltas nalgum sexo cru e nalguma psicanálise de cordel. Mas sem rodriguinhos de sopas de leite, nem patéticas invenções de imagem e personalidade, mais próprias dos nossos tempos.
Asceses alternativas…
“Allendy é de facto um homem majestoso, um cientista intrépido, um estudioso, um homem que procura relacionar a ciência com o misticismo. É um chefe um professor. E Henry é o seu oposto. Henry é um sensualista, um anarquista, um aventureiro, um proxeneta, um génio louco.
(…)
Consolo June. Acaricio-lhe o braço. Henry chora também, sentimentalmente. Subitamente, a intuição de June explode, terrivelmente aguda. «Henry, tu és bom de um modo que eu não sou capaz de compreender, e mau de um modo que me aflige. Há algo em ti que não sou capaz de me apoderar. Não posso ser escrava das tuas ideias, és um homem demasiado espiritual. Sou a mulher errada para ti.
(…)
Quando encontro Artaud, ele está nobre, orgulhoso, com os olhos loucos de alegria, os olhos de um fanático, de um louco.(…) As suas mãos apenas pairam sobre mim, sobre os meus ombros, e, contudo, sinto o peso magnético delas.
Vim vestida de negro e vermelho e aço como um guerreiro, para me defender contra a posse. (…) O seu humor é quase satânico, sem alegria evidente, apenas alegria simbólica. (…) Nos seus movimentos há uma fixidez, uma intensidade, uma ferocidade, uma febre, que rebentam em suor no seu rosto. (…) Fala obscuramente, corteja-me, ajoelhando-se perante mim.(…) «Allendy disse-te que …mais tarde ou mais cedo irás desprezar-me. Não fui feito para o amor sensual. E isto tem tanta importância para as mulheres»”
… nos ‘Diarios de Anaïs Nin’ (ed Bertrand, 1983, vol 1, pgs 130-131 e 208) envoltas nalgum sexo cru e nalguma psicanálise de cordel. Mas sem rodriguinhos de sopas de leite, nem patéticas invenções de imagem e personalidade, mais próprias dos nossos tempos.
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