“Há um balanço físico inalterável que se cola ao corpo”

Quando eu andava com aquela tara de desescrever as críticas musicais que por aí ia lendo, (sou tenuemente viciado em ler críticas musicais de gajos que não faço a mínima ideia quem sejam) fiquei com uma frase de alguém pendurada numas aspas que nunca cheguei a usar (e agora já nem sei a que propósito vinha): «graves generosos, linhas de baixo azedas, dinâmicas rítmicas progressivas, vozes cavernosas». Isto tudo apenas para vos dizer que há dias em que gostaria de ficar retido na «transcendência de longas suites nascidas nas margens dum jazz eléctrico de quietude ascética» o que basicamente significa: estou deveras inebriado mas mobilizado com o investimento da Portucel, porque vai assegurar a nossa liderança europeia nos papéis finos. E a música assim, faz-se luz, já é outra coisa para os meus ouvidos: somos de facto um país que se transcende nas dinâmicas rítmicas progressivas nascidas nas linhas de baixo azedas e na margem da quietude ascética dos graves generosos. Isto já não é Fátima, Fado e Futebol, agora, como se diz hoje numa crítica no Público, somos todos ‘Funk, Funk, Funk!’; e arreda para lá com as vozes cavernosas, que nós temos um papel fino a desempenhar no mundo. Mas, como acrescenta o crítico, agora somos um país ‘que se cola ao corpo, (…) no final toda a gente escorre suor’. A ONU também deveria criar uma agência para os países em auto-motivação (com departamento para depressões pós funk).
O título era ricamente sexualizável, sim, mas temos de nos ir poupando nos pecados da carne, e nem sempre chega enfrascarmo-nos em pistachios.

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