Conto com teoria para dar algum desconto
Entretanto, como quem não quer a coisa, ele amava-a, e ela sucumbia àquele sentimento de aparência superficial.
A concentração no acto de amar é de lesa magestade, só os amores desfocados sobrevivem, só os amores que não querem ver tudo têm possibilidade de sucesso. Conhecer quem se ama é uma leviandade.
Ele abraçava-a sempre despreocupadamente, parecia não precisar de demonstrar força nem segurança no seu amor, corria esse risco porque ela só fazia fé de amores desprendidos.
Os amores são essencialmente utópicos, precisam de viver em lugares que não existem, só se alimentam verdadeiramente de pequenas contradições, e quando as coisas começam a fazer sentido é porque a posse começou a ser mais importante que o usufruto, aparentando o contrário.
Ela só se sentia verdadeiramente livre se houvesse a suspeita de que ele a enganava. Mas ele jamais a enganaria porque só nessa prisão encontrava o gozo do amor. A liberdade atrapalhava-o.
Havendo equilíbrio não há amor, há jogo. Havendo virtude não há amor, há negócio. Havendo sinceridade não há amor, há sentimentos nobres. O amor é um sentimento plebeu e é sempre subsidio-dependente.
Eles amavam-se que nem filme. Torturavam-se naquela conta certa que não levava à insanidade, provocavam-se na medida dos seus fragéis poderes de encaixe. Por isso nunca encaixavam: deixariam os legos para as crianças.
O amor é um tema estúpido se não estiver ligado ao desejo. Mas o desejo não é um tema, é um pretexto para uma excitação. Por isso não se deve falar de amor se não lhe chamarmos outra coisa qualquer. O melhor amor é o camuflado.
Ela entrincheirava-se na ilusão de que ele um dia a deixaria. Só a efemeridade lhe alimentava a alma. Ele sabia que lhe seria impossível deixá-la; mas unia-os uma convicção anti-consumatória. Neles tudo era simbólico e tudo era realização.
O finito é o que mais se aproxima do infinito. O amor é uma aberração geométrica pois tende para finito vindo com promessas de infinito. No entanto, é na sua suposta finitude que está a sua grandeza, o seu valor. Nada é mais irrelevante do que aquilo que está feito para durar para sempre. Só dura o que parece feito para se acabar.
Escolheram para eles não viver cada dia como se fosse o último, nem como se fosse o primeiro. Queriam viver sempre nos dias do meio. Mas não por serem os dias da virtude. Nem os do pecado. Eram sim os dias onde a saudade se encontrava serenamente com a esperança.
A concentração no acto de amar é de lesa magestade, só os amores desfocados sobrevivem, só os amores que não querem ver tudo têm possibilidade de sucesso. Conhecer quem se ama é uma leviandade.
Ele abraçava-a sempre despreocupadamente, parecia não precisar de demonstrar força nem segurança no seu amor, corria esse risco porque ela só fazia fé de amores desprendidos.
Os amores são essencialmente utópicos, precisam de viver em lugares que não existem, só se alimentam verdadeiramente de pequenas contradições, e quando as coisas começam a fazer sentido é porque a posse começou a ser mais importante que o usufruto, aparentando o contrário.
Ela só se sentia verdadeiramente livre se houvesse a suspeita de que ele a enganava. Mas ele jamais a enganaria porque só nessa prisão encontrava o gozo do amor. A liberdade atrapalhava-o.
Havendo equilíbrio não há amor, há jogo. Havendo virtude não há amor, há negócio. Havendo sinceridade não há amor, há sentimentos nobres. O amor é um sentimento plebeu e é sempre subsidio-dependente.
Eles amavam-se que nem filme. Torturavam-se naquela conta certa que não levava à insanidade, provocavam-se na medida dos seus fragéis poderes de encaixe. Por isso nunca encaixavam: deixariam os legos para as crianças.
O amor é um tema estúpido se não estiver ligado ao desejo. Mas o desejo não é um tema, é um pretexto para uma excitação. Por isso não se deve falar de amor se não lhe chamarmos outra coisa qualquer. O melhor amor é o camuflado.
Ela entrincheirava-se na ilusão de que ele um dia a deixaria. Só a efemeridade lhe alimentava a alma. Ele sabia que lhe seria impossível deixá-la; mas unia-os uma convicção anti-consumatória. Neles tudo era simbólico e tudo era realização.
O finito é o que mais se aproxima do infinito. O amor é uma aberração geométrica pois tende para finito vindo com promessas de infinito. No entanto, é na sua suposta finitude que está a sua grandeza, o seu valor. Nada é mais irrelevante do que aquilo que está feito para durar para sempre. Só dura o que parece feito para se acabar.
Escolheram para eles não viver cada dia como se fosse o último, nem como se fosse o primeiro. Queriam viver sempre nos dias do meio. Mas não por serem os dias da virtude. Nem os do pecado. Eram sim os dias onde a saudade se encontrava serenamente com a esperança.
Fim.
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