O dicionário não ilustrado, para matar saudades e deserotizar um pouco o ambiente vai tratar ‘do voto’. (apesar de já não ser um tema virgem no dicionário, mudo o ângulo de abordagem – isto agora está a soar-me mal…). E faço assim simultaneamente a minha homenagem aos esforçados apologistas de todas as candidaturas, principalmente aqueles que o conseguem fazer sem soltar um mínimo ‘foda-se’ que seja. Entradas 1150 a 1161

Utilidade do voto – Característica que está para o poder democrático como o digestivo no contexto duma refeição lenta e pesada.

Legitimidade do voto – É uma combinação da correspondente ao proxeneta com a correspondente ao cliente

Manipulação do voto - Como não dá para pegar com pinças porque não dá jeito para dobrar e enfiar na urna, acabamos muitas vezes por queimar as mãos

Dispersão do voto – Forma de aproveitar melhor a peneira com que se tapa o sol.

Concentração do voto – Mecanismo que se desencadeia quando se revela a sua faceta feminina. Uma maioria é sempre uma sofisticada sublimação dum W.C.

Oscilação de voto – Tendência mamo-antropomórfica do voto que se atenua com o soutien classicamente bipolarizado.

Orientação de voto – Nostalgia sufrágica do polícia sinaleiro.

Fixação de voto – Efeito laca aplicado ao neurónio, combinado com efeito gel aplicado à paciência. Tudo penteado com o efeito ‘que se lixe’.

Arma do povo – Pensada para poder ser automática mas acabamos por estar sempre a ter de recarregá-la.

Liberdade de voto – Por muito que nos custe é uma prorrogativa exclusiva da esferográfica.

Intenções de voto – Das boas está o abstencionismo cheio

Declaração de voto – Prémio de consolação para quem mesmo com tripla falha uma declaração de amor

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