E agora um pavesezinho mal passado em molho de cioran, servido com um montaignezinho a cavalo. As senecazinhas fritas acabaram por amolecer um bocado.

«Amiúde se me tem afigurado que mesmo os bons autores erram ao obstinarem-se a conceberem-nos como um todo coerente e constante». Na verdade essa polifonia da nossa condição perpassa-nos a existência, e alguns encontram o «segredo da adaptação à vida mudando de desespero como de camisa», enquanto outros admitem que «não nos libertamos de uma coisa evitando-a mas só passando através dela». Dá mesmo a ideia que «só somos desgraçados por culpa própria».
Constato que para viver decentemente basta lutar contra a supersticiosidade da alma, sabendo simultaneamente abraçar a sua iluminada e intrigante transcendência e a sua apaziguadora e perturbadora imanência. Em suma: um grande foda-se (senão nem aqueles gajos vendiam livros nem o padre borga escrevia canções).
Espero que tenham degustado.

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