Back to earth

Talvez vote cavaco, sim talvez vote cavaco. Não estou a ver bem porquê, mas talvez vote cavaco. Aliás mais ou menos sei, a alternativa seria um poeta do terceiro mundo ou um tipo que pode ficar gagá a todo o momento; todos podemos aliás. Mas parece-me pouco, parece-me uma coisa feita assim com pouca honra, não sei ( é pá agora vinha mesmo a calhar uma outra do Hamlet de que me lembrei, mas não sei de cor, no próximo post acrescento à laia de bónus) mas realmente o que me espanta é o entusiasmo todo em torno de cavaco – incluindo alegorias com mais ou menos citroen, mais ou menos bolo-rei. É que me fica sempre esta questão entalada: mas o Cavaco, prof Cavaco como lhe chamam – o que daria umas boas rimas mas o poeta anda distraído com o hip hop - ao certo ao certo poderá fazer o quê? Sim, o quê? Convence os chineses a comprarem as ilhas selvagens para plataforma logística, convence os sindicatos alemães a deixarem fazer cá os carros todos, obriga os esturjões a virem desovar todos ao mar da palha, faz da Katia Guerreiro um clone da Amália, inunda Espanha de gansos patolas, vende a alma por uma camadinha jeitosa de ozono, descobre um laxante milagroso e enfia-o no rabinho dos binladens, é padrinho de casamento duma filha Bush com o Villepin, descobre petróleo no pulo do lobo, franchiza as aparições de N. Srª de Fátima, transforma todos os ucranianos em cirurgiões plásticos, nacionaliza o pirilampo mágico, dá-nos a tomar uns pozinhos perlimpimpim e põe-nos a dançar de contentes nos alunos de Apolo, convence o mundo que as brasileiras dos call centers da almirante reis são melhores que as de Nova Deli, inventa a vaselina anestesiante, distribui-nos óscares para os melhores figurantes, o tipo vai fazer o quê ao certo, caralho!?

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