No girls, no gods, no snakes, just music
Pessoal, eu hoje estou indeciso; acontece, há momentos assim, a natureza da nossa condição prega-nos partidas e um tipo pode perfeitamente ficar ao sabor da dúvida, da indecisão, de secretárias amuadas, da prisão de ventre e da abstinência sexual. Pessoal, eu explico: Sobre o ‘Electrelane’ dos Axe leio no Público (eu infelizmente não sei ler estrangeiro e fico resumido a isto): “começa com um ‘riff’ de guitarra repetitivo, a que se juntam um piano deambulante e duas encantadoras (…) meninas enleadas (…). Um rodopio (…) um flirt (…) a progressão vintage de ‘two for joy’ e a escalada ‘oh oh oh’ que descamba”. Pessoal: assim não, assim não, já não bastava ontem ter ouvido para aí umas vinte vezes a Marina Lima. Vou mesmo decidir-me pelo outro disco não vá de pensarem que sou tarado e que extrapolo lascívia por todo o lado, sejam eles poros, sejam interstícios, sejam frúnculos. Ora então aqui sim: Hanne Hukkelberg, norueguesa, em ‘Little Things’. Nórdicas, pá, não sei se estão a ver, nórdicas, e esta de cabelo preto, vestido de alça às bolinhas, a apertar a fivela do sapatinho da chicco, e logo com esta pintarola a abrir: "feito de algodão electrónico, piruetas jazzísticas, voz que segreda intimidades em canções que fazem levitar". Eu por acaso acho que Sta Teresinha hoje também seria cantora pop-electrónico-intimista, isso para mim é claríssimo, e o S. João da Cruz ‘riffaria’ que nem gente grande a caminho do monte Carmelo. Reparem bem no misticismo da rapariga (26 anos): «dei por mim a perceber que muitas vezes a música não me excitava, mas excitava-me perceber como tinha sido feita»; ora isto é ir ao cerne, ali, ao âmago, onde o "som concreto se resgata nas pequenas coisas" fugindo da poeira dos dias. Apresenta-se pois : ‘falsamente simples’- género dribles do Pedro Barbosa; ‘procurando ângulos inusitados’ – género posicionamento em campo do Hugo; ‘uma emoção por detrás que lhe atribui sentido’ – género festival gay; ‘perde-se em minúcia mas ganha-se em dinâmica’ – género sexo em grupo; e ‘todos têm a capacidade de tocar vários instrumentos, o que cria um mar de possibilidades’ – género problemas financeiros na banda do Alfeite. Isto sim a verdadeira panóplia, há anos que eu andava para escrever ‘panóplia’, comecei várias vezes com o ‘pan...’ mas depois acabei noutra palavra, problemas com as rimas certamente.
Pois é, mas tinha que haver aqui um problemazito: a influência, a inspiração em Björk! Lá tinha de vir aquela gajita saída duma lata de pó d’arroz aos guinchos depois de lhe ter caído uma lata de alcatrão na carola. Poderia ter sido evitável, deus nosso senhor tinha já dado à Hanne os fiordes, ela não precisava dos glaciares, e ainda diz ela tipo a tentar safar-se mais ou menos: «somos mulheres, utilizamos ferramentas electrónicas, e a nossa música é alternativa». Pessoal, é só para avisar, decidi-me agora: se ele é isso, a minha mulher nunca mais pega num berbequim cá em casa.
Pessoal, eu hoje estou indeciso; acontece, há momentos assim, a natureza da nossa condição prega-nos partidas e um tipo pode perfeitamente ficar ao sabor da dúvida, da indecisão, de secretárias amuadas, da prisão de ventre e da abstinência sexual. Pessoal, eu explico: Sobre o ‘Electrelane’ dos Axe leio no Público (eu infelizmente não sei ler estrangeiro e fico resumido a isto): “começa com um ‘riff’ de guitarra repetitivo, a que se juntam um piano deambulante e duas encantadoras (…) meninas enleadas (…). Um rodopio (…) um flirt (…) a progressão vintage de ‘two for joy’ e a escalada ‘oh oh oh’ que descamba”. Pessoal: assim não, assim não, já não bastava ontem ter ouvido para aí umas vinte vezes a Marina Lima. Vou mesmo decidir-me pelo outro disco não vá de pensarem que sou tarado e que extrapolo lascívia por todo o lado, sejam eles poros, sejam interstícios, sejam frúnculos. Ora então aqui sim: Hanne Hukkelberg, norueguesa, em ‘Little Things’. Nórdicas, pá, não sei se estão a ver, nórdicas, e esta de cabelo preto, vestido de alça às bolinhas, a apertar a fivela do sapatinho da chicco, e logo com esta pintarola a abrir: "feito de algodão electrónico, piruetas jazzísticas, voz que segreda intimidades em canções que fazem levitar". Eu por acaso acho que Sta Teresinha hoje também seria cantora pop-electrónico-intimista, isso para mim é claríssimo, e o S. João da Cruz ‘riffaria’ que nem gente grande a caminho do monte Carmelo. Reparem bem no misticismo da rapariga (26 anos): «dei por mim a perceber que muitas vezes a música não me excitava, mas excitava-me perceber como tinha sido feita»; ora isto é ir ao cerne, ali, ao âmago, onde o "som concreto se resgata nas pequenas coisas" fugindo da poeira dos dias. Apresenta-se pois : ‘falsamente simples’- género dribles do Pedro Barbosa; ‘procurando ângulos inusitados’ – género posicionamento em campo do Hugo; ‘uma emoção por detrás que lhe atribui sentido’ – género festival gay; ‘perde-se em minúcia mas ganha-se em dinâmica’ – género sexo em grupo; e ‘todos têm a capacidade de tocar vários instrumentos, o que cria um mar de possibilidades’ – género problemas financeiros na banda do Alfeite. Isto sim a verdadeira panóplia, há anos que eu andava para escrever ‘panóplia’, comecei várias vezes com o ‘pan...’ mas depois acabei noutra palavra, problemas com as rimas certamente.
Pois é, mas tinha que haver aqui um problemazito: a influência, a inspiração em Björk! Lá tinha de vir aquela gajita saída duma lata de pó d’arroz aos guinchos depois de lhe ter caído uma lata de alcatrão na carola. Poderia ter sido evitável, deus nosso senhor tinha já dado à Hanne os fiordes, ela não precisava dos glaciares, e ainda diz ela tipo a tentar safar-se mais ou menos: «somos mulheres, utilizamos ferramentas electrónicas, e a nossa música é alternativa». Pessoal, é só para avisar, decidi-me agora: se ele é isso, a minha mulher nunca mais pega num berbequim cá em casa.
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