Desmaker residence

A miúda das relações públicas. Uma brasa contínua.

Era uma mulher linda, uma vénus viniciusiana. Fazia o que podia por não dar muito nas vistas, usava, até, perfumes discretos, saias travadas nos dias pares, saias rodadas e compridas nos outros, mas a torneada silhueta torturava-os a todos; ao longe arrepiava e ao perto tirava o pio, o pianista do bar quando a sentia por perto fugia-se-lhe a pauta, sentia-se um astronauta, o servente dum triste fado, um «raisparta e eu praqui a dar ao pedal sentado». Quando ela se passeava pelo jardim deixava as flores cabisbaixas, ficavam a desconfiar da sua real eficácia no papel de enfeite, tal o olhar de deleite que lhe mandavam os comensais, que a espiavam de soslaio e depois expiavam melancolia à base de sais. De branco, um dia ela veio de branco, e então aí já ninguém conseguiu olhar, as suas relações eram públicas se calhar mas o seu coração era tão privado que até causava dor, uma dor que persistia, e que vinha com mais força quando se perguntavam se ela de facto existia; ou se era apenas herpetico ambientador.

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