Sonha a palavra,
Detesta a frase,
Sabe o encanto
Do que é só quase.
In ‘ Chopinesque’ de R. F.
Por acaso não gostava de ter posto esta quadra aqui; Mas é “aberta qb a permitir muitas leituras» disseste-me - perdão: ‘disse-me’- e então hoje fez lembrar-me aquilo que todos temos de berengários dentro de nós, não não é de hereges, a heresia não é compatível com a ignorância, é apenas a nossa apetência parola ao simbolismo, a nossa tendência para nos encostarmos e satisfazermos consoladamente com o misterioso, o quase real, e depois quando um Aquino nos vem falar de transubstanciações, apetece-nos logo dizer: façam um filme com isso e depois eu logo penso no assunto. Sonhar com Deus - meio palavra, meio comichão- como um tal de ente diáfano, mistura esotérica de energia e bondade – e exotérica de chuva e sol – fazendo malabarismos com protões, é uma solução de recurso, de sobrevivência à sombra, é o ‘religare’ despachado com ‘marca branca’, correndo o risco de não perceber que ‘Visus, tactus, gustus in Te fallitur’,/ sed auditu solo tuto creditur” ( felizmente que um post com citações em latim serve para limpar meia dúzia com ordinarices ) é uma chave para compreender a nossa condição de passarinhantes. Mas podemos ir assobiando de mãos nos bolsos porque até o Catecismo nos diz que a “Eucaristia e a Cruz são pedras de tropeço” antecipando a nóia da natureza e dos dias. Mas Deus até fez isto engraçado, digam lá que não. Quase. Detesto frases, porra, senão agora - e se me lembrasse bem - até citava uma do velho Kirk que dizia precisarmos do passado para compreender e do futuro para viver , ou qualquer merdum similis, e que até nem tem nada a ver com isto se é que isto tem a ver com alguma coisa.
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