My something Tiresias side of the soul
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A dra Girassol finalmente foi franca comigo e disse-me «o seu problema é que não está a conseguir soltar o seu lado feminino». Eu já calculava essa coisa de que todos temos um bocado de ‘gaja inacessível’ dentro de nós, mas daí a dar ao manifesto o nosso recôndido gineceu ainda vai uma grande distância. «Pois olhe quem não conseguir demonstrar um bocadinho de dupla personalidade nem é digno de expor a alma á cusquice alheia» Isto de homens a escrever fingindo-se de mulher já foi chão que deu uvas, mas o homem talvez também tenha direito à fama por pôr a sua mama ao léu, ou a ameaçar que se vai mandar para debaixo dum comboio se não dançarem com ele uma última valsa. «Talvez não seja necessário pôr madeixas louras mas a quebra explícita de uma qualquer virgindade parecer-me-ia um bom sinal da sua parte» Cheguei a lembrar-me de fazer uma entrevista sonora à Barbara Guimarães (porque o Luís Pacheco agora já foi caçado noutro blog com mais verba), depois fui levado até a tentar pôr aqui uma receita muita boa de pataniscas, mas ando indeciso. «Isso da indecisão já é um bom prenúncio de que o seu lado feminino está prestes a desabrochar». Aqui a dra Girassol esticou-se e deu-me uma deixa para um trocadilho estafado, mas os votos de castidade verbal ( é só meia dúzia de dias nada demais) impedem-me de tamanha alarvidade, convenhamos que isto dum homem ter um lado feminino está-me a deixar desaustinada, perdão, meio perdido. Devem ser complexos marialvas, receios de espongiformização total do cérebro, saudades de apalpar miudas no disco-sound, não sei, isto não me está a ser fácil. Ser gaja, nem que seja só um bocadinho, não é fácil, mas pronto, sempre tem o lado positivo de passar a ser a nossa vez de rebentar as borbulhas das costas e passarmos a sentir o prazer nove vezes mais que o homem. Eu seja ceguinho se não estou a fazer isto de livre vontade.
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