O que alimenta a alma dum povo em abananço-de-rabo pós sufrático é muito semelhante à experiência dum ‘lagarto’ que vive constantemente com um peseiro na consciência, preso à sua escamada pele, e que está concomitantemente com remorsos de não ter feito o insulto certo na hora certa. ‘Do que vivemos’ neste mundo à beira-Éden-plantado mas às vezes mal aperaltado é o tema de hoje no dicionário não ilustrado nas entradas 970 a 979.


Expectativas – Tipo de caramelos que de tanto resinar em bocas cariadas de estatísticas até acabam por se chupar bem desde que não se partam os dentes na fuçanga.

Ilusões – Cozinhado afarinhado feito à base de castas almas lusas ( embalagem 45/100) fritas em molho de manteiga serrana e regado dum tal de socialismo democrático açucarado.

Encantamentos – Formigueiro que nos pode transformar a todos numa mistura entre o ‘rato supersticioso’ aos pulinhos, e o Mickey a fazer o nó da gravata para engatar a Minnie. A Pequena Sereia é opcional.

Aleluias – Grito da tribo democrática quando estão todos à volta da fogueira mijando para cima do escalpe, mal sabendo a comichão que os espera porque afinal ficaram com os piolhos agarradinhos às unhas.

Esperanças – Conceito que oscila entre a vontade em formato de ranço e o desejo em forma de bola de sabão.

Ansiedades – Estado da alma que viu servirem-lhe a sopa da realidade com uma mosca e, agora que reclamou a troca do prato, não sabe se na cozinha das urnas apenas se terão limitado a tirar-lhe a mosca mantendo a mesma sopa.

Desconfianças – No seu formato pseudo-esclarecido dá muito boa consolação às almas que encontram no liberalismo a amante que nunca se chateia por saber que jamais irão casar com ela, ajuda a passar o tempo sem ter que gastar muito dinheiro em adereços, e dá-lhes um ar de bem postos na vida.

Vá de rectros (ou’ vás de rectro’ ou ‘vás de rectros’ ou qsf)- Saber afastar os malandros e as tentações é uma arte que só dispõem as almas sem complexos de fuga, ou seja, que não se importam que o pelotão lhes fique a olhar para o rabo.

Sorrisos amarelos – Praticamente o mesmo que jogar com cartas marcadas. Ninguém deve reparar, a marca não nos deve sujar as mãos, e no final fingimos que não sabíamos de nada e que apenas nos limitámos a assistir a trunfo.

Sorte – A verdadeira sublimação do ‘desejo de flutuar’ arregimentado à laia de floco analítico pelo pensador encartado JGil como outra das maleitas nacionais; Mas é que um gajo tendo disto até se pode dar ao luxo de viver no tal ‘branco psíquico’ fingindo-se ‘nuvem passageira que se quebra quando cai’.

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