“Amo-te Lopes”

Uma cadeia de bares só para cabeleireiras



Cortaram-lhe a cabeça nas fotografias, não há direito, tanto couro cabeludo massajado a preceito, tanto tratamento vitaminado, tanto sangue estimulado, tanta raiz acarinhada, e tudo para nada. Há um grande desconsolo aqui no salão, nós que lhe demos sempre a mão, nós que até lhe escondemos a caspa nos dias de maior borrasca, vemo-nos arredadas da festa, agora quanto muito tiramos-lhe as borbulhas da testa, mas isso é fraca compensação para quem lhe espalhava o gel como se tivesse melaço nas mãos. Mas vais ter o nosso apoio, saberemos catar os piolhos que andam no ar, e se no momento da verdade ainda sobejarem algumas lêndeas, damos-lhes com a chave de fêndeas ( sorry, não resisti) ; Não deixes enfraquecer essas pontas, sei lá, faz uns implantes, não deixes que brinquem contigo, eles são um horror, manda-os pra cá q’a gente enfia-os no secador. Não gostamos de te ver assim, pareces ensimesmado, parece que tomaste um valium marado, é que já nem o pantene faz isso quando o esfregamos no toutiço; Queremos que arribes, o salão precisa de ti, já ninguém pinta madeixas, já ninguém faz uma rinçage em condições, já só há grisalhos ou mesmo descolorações, já ninguém quer ser dama d’honor, qualquer dia ficamos a pentear a Sinead 0’Connor.

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