“Le pinceau voyageur”



Reparo por estes dias que deixei há muito de ter necessidade ou mesmo impulso em emitir opiniões. Nem saberia explicar bem porquê. Talvez alguma preguiça, talvez falta de jeito, talvez até já trejeito, talvez mesmo vontade mortiça. Mas também são demasiados talvez para uma só vez. Encontrei uma metafórica explicação num livro muito especial sobre Alechinsky ( um dos meus pintores preferidos), em que ele é citado por Marcelin Pleynet, falando sobre o seu quadro “Central park” de 1965 ( o primeiro com as “remarques marginales” que lhe são tão peculiares): « J’allais bientôt me déshabituer de la peinture à l'huile. Elle ne m’avait jamais permis ces regroupements, allitérations et va-et-vient». É isso, sempre que posso ( mas nem sempre é possível esse luxo de não termos opiniões) cada vez me afasto mais dos silogismos de ocasião, dos pastiches de espátula arregaçada, ou de trincha opinativa alçada, no fundo gostava de poder dizer «je ne cherche que des pensées qui tremblent» como diz P.Quignard em “Les ombres errantes”, estes que apenas se passeiam, vão e vêm, distraem, fermentam, são repetitivos, pouco ou muito arejados, mas que gostam de ser afagados.

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