Do fascínio. Quem precisa dele para viver está condenado a ser um eterno parvo. Será refém dos “milagres do Sol”, ansiando sempre pelo revirar dos olhos como se fosse uma alma em versão "flipper". Os “fascínoras”, que suspiram por sinais exteriores de deslumbramento, acabam por se arrastar agarradinhos a um ensimesmamento parolo, que por vezes lá vão disfarçando com a dose de frases feitas que lhes aviaram nas catequeses do amanhecer dos dias. Mas como não conseguem alimentar a alma com o sereno dobrar das esquinas dum quarteirão qualquer, continuam a sonhar com os desfiles em palácios que nunca mais terão e, mal dos males, até podem correr o risco de passar ao lado da arca do tesouro só porque ela não aparece engalanada num altar iluminado pelos reclames do êxtase.
Tal como não é preciso rasgar as vestes para exorcizar o escândalo, também não é preciso fazer três tendas no deserto – acompanhado de profetas ou não - para ser mordido pela serpente encantada. Tristes dos que vivem da importação de astronomias fluorescentes para a alma. A verdadeira gravidade está no olhar simples, aberto, inspirado, sereno, inteligentemente atrevido, terno e até duro que se esconde e revela num penetrante mas irrequieto pestanejar amigo. As verdadeiras cumplicidades não são manipuláveis, os fascínios sim.
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